Em rodagem… The Papers
Steven Spielberg. Tom Hanks. Meryl Streep.
Não é (apenas) a listagem dos Melhores de Sempre nas respetivas categorias (realizador, ator e atriz, respetivamente). A mera presença de apenas um deles já seria motivo para todo e qualquer destaque mas quando de juntam 8 estatuetas douradas e mais de 40 nomeações, toda a atenção é pouca. Curiosamente, o filme marca a 1ª colaboração entre Spielberg e Streep e, igualmente, entre os 2 protagonistas. Já quanto ao realizador e Tom Hanks, este será já o 5ª filme juntos.
À imagem do que acontece com, por exemplo, Clint Eastwood, Steven Spielberg tem na prática duas agendas. A dos projetos que são pensados e estruturados ao longo de anos e ponderadamente incluídos nos seus afazeres – como Ready Player One que estreará logo no início de 2018 – e os projetos que surgem quase do nada e que atravessam um período de pré produção de algumas semanas apenas, como é o caso deste The Papers.
E isto porquê?
Porque de quando em vez caiem-lhes nas mãos projetos inadiáveis. Histórias boas de mais para deixar para depois. Parcerias que agrupam tantos interesses e tantas vontades que só o acaso permite conjugar.
E o que tem de tão relevante este argumento?
Indiretamente, Donald Trump. O atual Presidente da maior potencia mundial voltou a colocar a liberdade dos media em questão desde a sua eleição. E nada melhor do que recuperar uma história de conflito entre o Capitólio, a Casa Branca e a imprensa para ajudar a cerrar fileiras.
Depois do esquecido Truth, o filme com Cate Blanchett e Robert Redford que esmiuçava outra história verídica do conflito latente entre a política e o jornalismo, Hollywood volta à carga com uma História ainda mais acérrima e, sobretudo, com um conjunto de intervenientes ainda mais famosos e liberais… por assim dizer.
Desta vez o palco é mais vasto e melindroso. Se em Truth o que estava em causa era a carreira militar enquanto jovem do então Presidente George W. Bush, desta vez a questão é em torno da campanha militar dos EUA como um todo em solo asiático, ao longo de várias décadas. O Vietname, a Indochina e a tentativa de controlar a proliferação da doutrina comunista, propagada pela China no sudeste asiático, é o ponto nevrálgico das mentiras e inverdades transmitidas por sucessivas administrações.
“Em junho de 1971, o New York Times, o Washington Post e outros jornais relevantes nos EUA assumiram uma posição corajosa em defesa da liberdade de expressão ao divulgarem os Pentagon Papers, que colocavam a descoberto um conjunto de segredos governamentais envolvendo quatro décadas e quatro presidentes norte-americanos. Na época, Katherine Graham do Washington Post, procurava ainda fortalecer a sua posição enquanto a única mulher no país na liderança de um jornal, e Ben Bradlee (Tom Hanks), o editor volátil da publicação, reunia esforços para reestruturar o jornal em dificuldades. Juntos, os dois formaram uma equipa improvável, forçados a unirem esforços e a tomarem a corajosa decisão de apoiar o New York Times e lutar contra a tentativa sem precedentes da Administração Nixon de restringir a primeira emenda.”
Para além do trio de super estrelas, o filme conta ainda com por Liz Hannah e Josh Singer (um dos argumentista de Spotlight) como argumentistas e com um elenco recheado de jovens e mais veteranos talentos, muitos deles oriundos da TV: Alison Brie, Carrie Coon, David Cross, Bruce Greenwood, Tracy Letts, Bob Odenkirk, Sarah Paulson, Jesse Plemons, Matthew Rhys, Michael Stuhlbarg, Bradley Whitford e Zach Woods.
Com estreia marcada em Portugal para inícios de 2018 e uma estreia nos EUA ainda em 2017, de forma a permitir a sua qualificação para os Prémios deste ano, The Papers promete ser um dos principais players na próxima temporada dos prémios… ainda antes de começar a ser filmado!
É este o poder das super estrelas de Hollywood.