“Paris Pode Esperar (Paris Can Wait)” de Eleanor Coppola
Ir ao cinema também é viajar, recordar, viver. Apenas ver o trailer do filme de Eleanor Coppola já abre (e de que maneira!) o apetite… e ao vê-lo, é mais de 1h30 de puro deleite. E mais algumas, longos dias depois de sair da sala.
Para quem não está familiarizado com o enredo, podemos resumir desde já. A mulher (Diana Lane) de um influente produtor de cinema (Alec Baldwin) faz a viagem de carro entre Cannes e Paris à boleia do sócio francês do seu marido (Arnaud Viard). Mas, os quase 900 kms que normalmente demorariam meio-dia a percorrer, são estendidos ao longo de alguns dias.
Há um flirt, um romance (quase) platónico, uma intensa e indisfarçável paixão… pela gastronomia, pelas paisagens, pela atmosfera e pelo savoir faire vivre de um país recheado de pequenas maravilhas. Paris, será sempre Paris mas, à la campagne, a França tem todo um vasto encanto para oferecer.
Quem nunca percorreu de carro as estradas e vilas de um país tão encantador quanto diversificado como a França, dificilmente conseguirá captar a verdadeira essência da obra de estreia da esposa de Francis Ford Coppola. Restar-lhes-à o consolo de descobrir (mesmo que ao de leve) esse novo e deslumbrante mundo.
Para quem já teve o prazer de o fazer, é um reavivar de memórias e de desejos ainda por cumprir. As pequenas vilas, recheadas de história, de encanto, de detalhes. Os monumentos preservados até à exaustão e engalanados para nos receber independentemente da sua maior ou menor fama (internacional). Os charmosos hotéis, muitos deles geridos de forma familiar, com um carinho e um calor humano aconchegante e acolhedor. A gastronomia, diversificada, elegante, saborosa, requintada, simples mas memorável. E, toda uma atmosfera gourmant e(t) fascinant.
Voltando ao filme de estreia da veterana realizadora, é impecavelmente inqualificável a forma exacta como retrata essa França por descobrir. A dada altura damos por nós convictos que Paris Can Wait podia muito bem ser um filme de 3h horas, uma mini-série de vários episódios ou, porque não, uns bons 15 dias de férias indescritíveis. Cannes, Aix-en-Provence, Lyon, Vélezay, Paris. São apenas alguns dos cartões postal que o país e o filme tem para oferecer. Mas há todo o encanto dos morangos comprados na berma da estrada, do peugeot da década de 60 ou do perfurme das rosas acabadas de cortar.
Quanto ao enredo “da mulher, o marido e o sócio deste” é apenas uma desculpa para a viagem.
E que viagem!!
Paris pode esperar? Pode. Mas é sempre tão bom lá voltar!!