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“Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes)” de Matt Reeves

Rupert Wyatt deu o mote. Matt Reeves construiu e concluiu uma das mais virtuosas e marcantes trilogias desta década.

Curiosamente, fico com a plena convicção de que a trilogia nunca chegou a alcançar o deslumbramento evidenciado no seu primeiro capítulo.

A obra de Wyatt era, para lá de todas as considerações técnicas e narrativas, verozmente inteligente. É verdade que esse reconhecimento advinha, em grande parte, de uma mera ideia – relativa aos efeitos e origem do vírus – mas, lá está, por vezes uma GRANDE ideia é o suficiente para fazer um GRANDE filme! O que seria, por exemplo, de Star Wars sem a relação de parentesco entre Darth Vader e Luke Skywalker. Certo?

Dawn, seguia o enredo iniciado por Rise mas era um filme bem mais sombrio e pragmático. Os efeitos especiais – nomeadamente o motion capture – atingiam outro patamar, tornando natural aos nossos olhos, aquilo que a razão sabia impossível. Já em termos narrativas, a saga parecia ter estagnado, especialmente em termos criativos e de originalidade.

War é, acima de tudo, o reconhecimento dessa lacuna. Símios e humanos continuam a sua luta visceral pelo poder mas há um novo elemento que os torna cada vez mais próximos e semelhantes. Ou seja, a necessária pitada de originalidade que a saga parecia ter perdido.
Uma ideia simples mas precisa (e preciosa) que ajuda a concluir a trilogia numa nota bem positiva e nostálgica, aproximando o desenlace da obra original de Pierre Boulle.

Caesar (Andy Serkis) e os seus seguidores prosseguem os seus intentos para encontrar o seu lugar neste novo mundo. Porém, ameaçados pela sua crescente supremacia física e numérica, os humanos continua a persegui-los até às profundezas da selva, onde os macacos se refugiaram e evoluem. A liderá-los, um Coronel (Woody Harrelson) com uma missão muito rigorosa – eliminá-los um, por um.
O destino de ambos acabará por se cruzar, da forma mais inesperada e surpreendente possível.

Como já tínhamos escrito na crítica ao segundo capítulo da saga, Andy Serkis e o seu símio falante é o verdadeiro protagonista de toda a trilogia. Ou não estivéssemos no Planeta dos MACACOS. James Franco, Jason Clarke/Gary Oldman e Woody Harrelson servem meramente como contraponto. Cada um à sua maneira e no seu momento, os humanos limitam-se a acompanhar a sua evolução e da sua espécie.

Voltando a War e ao seu “vilão”, já tínhamos anunciado na antevisão que Harrelson estava de volta aos seus bons velhos tempos de Natural Born Killers e semelhantes. O seu Coronel, misto dos desvairados Mickey Knox (o protagonista de NBK) e do Coronel Walter E. Kurtze (Marlon Brandon em Apocalypse Now) é uma figura irrepreensível e um digno opositor de Caeser. Entre o génio e o louco, a estratégia e o improviso, ele será o último dos entraves entre o nosso Mundo e o (anunciado) “Planeta dos Macacos”.

É um confronto digno de se ver. De um lado do ator que se confunde com as suas personagens, seja pelo brilhantismo dos seus maneirismos, seja pela inqualificável qualidade dos efeitos especiais que lhe dão vida. Do outro, um diamante em bruto que fruto das suas escolhas passadas ficou substancialmente mais associado ao lado bruto da questão mas que terá descoberto nova vida desde que o álcool e uma jovem destemida fizeram dele um lendário vencedor dos Hunger Games.

Apesar do seu imenso talento, Matt Reeves acaba por parecer o elo mais fraco – ou menos forte – deste triângulo (e desta trilogia). O realizador de Cloverfield tarda em confirmar o brilhantismo . O próximo desafio dá pelo nome de The Batman. A exigência não podia superior.

Fica o legado de uma das mais originais e contundentes trilogias da nossa década.
No seu cômputo geral Planet of the Apes (versão 2ª década do sex. XXI) é uma saga imperdível, mesmo que o melhor esteja mesmo no início.

  

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