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“Raid – Pelotão Chanfrado (Raid Dingue)” de Dany Boon

Por vezes faz-me alguma confusão porque é que todo e qualquer filme de/com Dany Boon não estreia nos cinemas nacionais (de preferência em sintonia com a sua estreia em França).

O comediante francês tem naturalmente os seus altos e baixos mas depois de Bienvenue chez les Ch’tis o benefício da dúvida está todo do seu lado e mesmo que filmes como Rien à Déclarer ou Supercondriaque – só para mencionar os que realizou – não tenham atingido o brilhantismo dessa estupenda obra da comédia francesa, estão anos-luz à frente da larga maioria das comédias (sem gosto) que nos chegam do outro lado do continente.

Para além da cara de palhaço (no bom sentido, ok!!), Dany Boon tem efetivamente um jeito peculiar para este género mal amado da crítica da 7ª arte. Os argumentos dos seus filmes podem ter maior ou menor qualidade mas raramente ultrapassam esse limiar do bom gosto e nunca nos deixa sem, pelo menos, uma mão cheia de boas gargalhadas.

Desta vez, o ator/realizador francês cede algum do protagonismo a Alice Pol, com quem já tinha trabalhado em Supercondriaque. Curiosamente a atriz francesa partilha muitos dos seus tracejos e maneirismos cómicos, dando-lhes uma ligeireza e acutilância femininas. Acaba por ser ela a assumir maior protagonismo neste Raid Dingue, ainda que devidamente secundada pelo actor/realizador.

Desde pequena, Johanna Pasquali (Pol) tem o sonho de fazer parte do Corpo de Intervenção. Esse sonho tornou-se rapidamente numa obsessão e a cada recusa para iniciar a formação nas forças especiais, o seu noivo e o seu pai sofrem ao ver a jovem polícia aumentar o seu desejo e dedicação a esse sonho.
Entretanto, Eugène Froissard (Boon), um dos mais experientes membros do RAID está a atravessar um mau bocado. Condicionado por uma desilusão amorosa, o tenente parece arrastar consigo uma qualquer malapata que começa a condicionar o seu discernimento e desempenho.
O acaso – e não só! – acabará por tornar Froissard no responsável do curso de preparação dos novos candidatos ao Corpo de Intervenção, onde Pasquali marcará, de forma bem vincada, presença.

O resto é, mais ou menos, o que estaríamos à espera. Piadas machistas em que naturalmente o alvo da piada é o emissor e não o receptor. Um enredo que mistura a falta de jeito com a dedicação, empenho e camaradagem. Alguma crítica social e política e um humor sincero e pessoal. Sem malícia ou falta de gosto, sem piadas escatológicas ou sexuais. Humor para toda a família, por assim dizer.

Como realizador, argumentista, ator ou produtor, Dany Boon é, de facto, a nova cara da comédia francesa. Goste-se ou não particularmente do seu estilo, a verdade é que o seu sucesso e a qualidade dos seus projetos é inquestionável. E sempre garantia de umas boas e sinceras gargalhadas.

O seu próximo projeto dá pelo nome de Une Jolie Ch’tite Famille. Há garantias (do próprio!) de não se tratar de uma sequela do seu maior sucesso até agora mas, apenas, um regresso a um local – físico e cinematográfico – onde todos fomos muito felizes. A ver vamos.
Estreia em França em fevereiro de 2018… e, por cá algumas, semana depois?

Até lá temos Raid Dingue, para nos divertir!

  

Trailer

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