“Debaixo do Mesmo Teto (Sous le Même Toit)” de Dominique Farrugia
De comédia francesa, em comédia francesa. Assim se têm passado as últimas matinés de fim-de-semana… em função da escassez do género na indústria norte-americana e da crescente aposta das distribuidoras nacionais (e nossa) nesse filão, aparentemente, inesgotável.
E, verdade seja dita, com maior ou menor fulgor – ou neste caso específico, piada – é sempre uma aposta segura e recomendável!
Curiosamente o enredo é bastante similar ao de Papa ou Maman 2, um casal desavindo que por força das necessidades tem de encontrar um novo equilíbrio na sua “relação”. Naturalmente uma temática que dirá bem mais a um público mais maduro – pais de filhos e com relacionamentos duradouros – o que pode justificar alguma da sua dificuldade em “entrar” no Box Office nacional, onde o público mais juvenil (e até infantil) ainda tem grande primazia.
Mas bilheteiras à parte, Sous le Même Toit é o grande exemplo de uma aposta segura. Um filme divertido, bem encaixado que não traz nada de realmente novo a uma temática tão bem retratada em Papa ou Maman – e respetiva sequela – mas que tem a sua identidade e a sua relevância. Se o cinema fosse como uma refeição, a comédia (romântica) francesa é como uma pizza quentinha. Não há como errar.
Yvan Hazan (Gilles Lellouche) não consegue acertar uma. Os seus diferentes projetos acabam sempre por dar para o torto e agora é a sua esposa (Louise Bourgoin) e mãe dos seus dois filhos, quem se fartou dos seus modos mais brejeiros e lhe “deu com os pés”.
Delphine só não estava à espera é que Yvan se fizessem valer dos 20% da casa que lhe pertencem para se “abancar” de novo naquele que foi outrora o lar de uma família muito feliz. É só por um tempo, diz(ia) ele…
Só pelo ponto de partida já dá para perceber que as gargalhadas estão garantidas. Hábitos, vícios e responsabilidades comuns serão confrontados com as novas “necessidades” de cada um. Se a momentos o filme faz lembrar The War of the Roses (Michael Douglas, Kathleen Turner) é algo totalmente propositado, apenas para garantir que estamos cientes da intensidade das questões e das opções… naturalmente bem mais ligeiras e bem humoradas.
Gilles e Louise combinam na perfeição, especialmente quando ele assume, em pleno, o lado mais bonacheirão do casal, em contraponto com o esforço dela em surgir mais angelical. O contraste origina o natural conflito e mesmo que, por vezes, os papéis se invertam, os dados estão lançados.
Mas Sous le Même Toit não é apenas uma comédia desbragada. Pelo meio há uma vertente mais humana e emocional que encaixa bem com o lado mais descontraído do filme e ajuda a “compor o ramalhete” de forma mais coerente e abrangente.
Mais uma comédia francesa.
Ainda bem!