“Amor de Improviso (The Big Sick)” de Michael Showalter
É cada vez mais difícil acreditar que do outro lado do Atlântico pode chegar uma comédia de franca qualidade!
Mas não há outra forma de o encarar. The Big Sick é, de longe(!), a melhor comédia (romântica) made in USA dos últimos largos meses anos!! Sem grandes nomes, aparato ou intrigas, a história (de vida) de Kumail Nanjiani é tão inacreditável como primorosa.
Pode não ser a comédia mais desgarrada – até porque o filme preocupa-se bastante em destacar a sua componente romântica – mas tem certamente um punhado de momentos que grande qualidade humorística e, pelo menos, a cena mais hilariante que me recordo, até hoje, de ver numa sala de cinema (“we lost 19“).
Naturalmente que para o sucesso do filme muito conta o argumento do próprio Kumail e da sua esposa. Nem sempre escrever sobre nós próprios é assim tão fácil como pode à partida parecer mas ter o condão de saber rir-nos de nós próprios é o primeiro (e decisivo) passo. Talentoso argumentista e ator de stand up comedy, Kumail integra as suas origens e a sua história de vida num enredo que tem tanto de natural como de simples. E é essa naturalidade, aliada obviamente a um sarcástico sentido de humor, que catapulta este The Big Sick para o estrelato!
Junto ao ator de origem paquistanesa encontramos a jovem Zoe Kazan. Também ela argumentista e atriz, a companheira de Paul Dano (com quem contracenou e partilhou o argumento de Ruby Sparks) encaixa da perfeição com Kumail, demonstrando uma naturalidade e um à vontade precisos. Ainda assim, é com Ray Romano e Holly Hunter que Kumail contracena em quase todos os momentos “decisivos” do filme e a dupla (a desempenhar os papéis de pai e mãe de Emily) mais experiente não podia ter encontrado melhor cenário para demonstrar o seu talento. Num misto de loucura e ternura, Terry e Beth são a antítese, e ao mesmo tempo o espelho, da relação dos dois jovens e o contraponto ideal para o comediante demonstrar a sua qualidade humorística.
Depois de alguns papéis de menor relevo no cinema e de uma carreira construída maioritariamente na TV norte-americana, Kumail terá as portas abertas para se aventurar em novos projetos. Pela amostra, o futuro só pode ser risonho com um enorme sorriso no rosto!
Quanto a este The Big Sick só mesmo vendo, para crer… e rir. Muito!
Nada faria prever que a relação de um muçulmano de origem paquistanesa (Kumail) com uma “tradicional” norte-americana (Zoe) pudesse resultar num filme tão engraçado, para mais quando o jovem passa grande parte do filme na companhia dos pais da sua namorada (Hunter e Romano).
Se “rir é o melhor remédio”, este ano a gripe não me pega!!