“A Vida de Brad (Brad’s Status)” de Mike White
Não chega a ser o filme que estávamos à espera…
Muito embora o desempenho de Ben Stiller, o argumento (e realização) de Mike White e a inspirada presença do jovem Austin Abrams, Brad’s Status é ótimo a levantar as questões e muito comedido a respondê-las.
O instável e desorientado Brad Sloan terá tanto de génio como de louco – aliás como adianta o ditado, a respeito de qualquer um de nós – mas se a origem das suas inseguranças e alucinações são, até certo ponto, compreensíveis a todos nós, já a opção por entregar a solução dos seus problemas ao critério de cada um, deixa um certo travo amargo na boca.
Comparado a Noah Baumbach, Mike White acerta na muche na esquizofrenia do seu protagonista que, aparentemente, apenas pretende o melhor para o seu filho. Mas se as ações como pai são justificáveis – mesmo que altamente embaraçosas – já as de homem, amigo, colega e marido ficam pendentes de um desenvolvimento… que nunca chega.
Levantar questões inteligentes é louvável mas, a este nível, “normal”. Já encontrar respostas inteligentes para essas interrogações separa o aspirante… do mestre.
Brad (Stiller) e o seu filho (Abrams), um jovem bastante inteligente e enquadrado, viajam até Boston para visitar algumas das faculdades locais. Mas se Troy parece plenamente consciente dos seus intentos, já o seu pai não olhará a meios, nem a embaraços, para tentar reescrever alguma da história da sua vida adulta… e garantir que o seu filho tenha a melhor formação possível.
De quando em vez, Ben Stiller dedica-se de corpo e alma a uma obra que nos recorda que para lá da pouco criteriosa seleção de projetos há um ator de inegável talento.
A próxima oportunidade será em The Meyerowitz Stories (New and Selected), junto a Adam Sandler e Dustin Hoffman, num filme realizado por… Noah Baumbach. Obviamente.
Até lá resta-nos refletir sobre o quão bom Brad’s Status… podia ter sido.
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