“A Montanha Entre Nós (The Mountain Between Us)” de Hany Abu-Assad
Sem dúvida alguma, um filme bem mais competente, sincero e relevante do que o que a maior das opiniões que temos lido têm expressado.
Logo à partida seria de desconfiar que um filme com Kate Winslet e Idris Elba a full-time não pudesse ser percebido como um belo exemplar do mais elementar talento e cumplicidade.
Por outro seria estranho que um realizador como Hany Abu-Assad (duplamente nomeado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro), se vendesse a Hollywood, por “tuta e meia”.
Logo à partida, as rodagens do filme. Os mais atentos ou curiosos já saberam por esta altura que The Mountain Between Us foi realmente rodado em condições climatérias extremas a alguns milhares de metros de altitude, de forma a garantir uma maior autenticidade da história e dos desempenhos.
A incerteza quanto ao desenlace e quanto ao verdadeiro espírito do filme mantém-nos inseguros e curiosos bem até ao finalzinho. A natureza e a natureza humana – em situações extremas – são as duas componentes de um filme que vive nos limites… e mesmo sem os atributos de uma sala 4DX acabamos por sentir “na pele” os elementos.
Quanto o avião bimotor que os transposta se despenha nos cumes cobertos de neve das Rocky Mountains, Ben (Elba) e Alex (Winslet) terão de confiar um no outro para sobreviver. No entanto, para além de terem personalidades totalmente distintas, o cirurgião e a jornalista são perfeitos desconhecidos um para o outro. E a montanha não está “propriamente para amigos”.
E ainda temos o cão. Um Lavrador é sempre o caminho mais fácil para os corações derretidos ou congelados dos humanos. Num ambiente agreste e doloroso, a terna imagem canina de afeto, resiliência e doçura ajuda a aliviar a tensão e a comprometer o espetador em termos emocionais, sem nunca parecer demasiado lamechas.
O filme segue o seu percurso, com algumas lacunas narrativas e, sobretudo, emotivas mas sempre com a plena noção que o percepício pode surgir no horizonte, a qualquer momento. Numa mistura reconfortante de beleza e perigo.
Acabou por ser bem mais agradável do que estávamos à espera!
Em todos os sentidos.