“Ferdinando (Ferdinand)” de Carlos Saldanha
Vá lá, esqueçam os saldos, as compras, a toilette para a passagem de ano e, até, o circo. Os meninos e menianas (de todas as idades!!) querem é ir ver o Ferdinand ao cinema!!
Carlos Saldanha deu-se a conhecer com Ice Age, construiu um dos mais profícuos franchise do cinema de animação – já poucos se lembrarão que o filme original que o realizador brasileiro partilhou com Chris Wedge pouco ou nada tem a ver com aquilo que se seguiu – e depois aventurou-se em outros voos (literalmente!) com RIO.
15 anos depois da sua estreia na 7ª arte, chega-nos Ferdinand. Na verdade foram mais de 80 anos até ao amável touro deixar as páginas dos livros infantis e chegar às salas de cinema. E em boa hora.
Saldanha já deu mais do que provas da sua mestria para contar histórias encantadoras e, juntamente com um afincado gosto visual, é inquestionável que o filme resulta a todos os níveis. Tem humor, drama, aventura, moral, surpresa, previsibilidade e, acima de tudo, uma ternura irresistível.
O mais especial é que não duvido que seja tão apelativo a uma criança de 3 anos, como a uma de trinta e muitos. E não é só pela experiência pessoal. Objetivamente, Ferdinand é irrepreensível.
Não sei se será o melhor filme de animação do ano. Infelizmente não foi, em 2017, um género que me tenha atraído por aí além mas tenho as minhas sérias dúvidas se não será, pelo menos, um dos melhores. Pelo menos a nomeação ao Golden Globe “já lá mora”.
Ferdinand não nasceu para ser um touro… de touradas. Jovial, carinhoso e amante da natureza, o pequeno grande touro tem por prazer maior cheirar flores, passear pelas colinas e partilhar os seus solarengos dias com a jovem Nina. Mas quanto um perigoso mal-entendido o leva a ser “confundido” com um touro “de verdade”, o jovem corpulento terá de rever as suas convicções e prioridades para tentar voltar a casa.
É por demais evidente que o eterno lema “as aparências iludem” é o tema central de um filme que para além de divertir e encantar, passa uma importante mensagem de aceitação, abertura e superação.
Para lá de tudo isto, a Blue Sky tem o dom de criar mais uma personagem fenomenal, Em termos visuais e emocionais, Ferdinand é um “achado” que promete não deixar ninguém indiferente. Corpulento, avassalador, poderoso mas ao mesmo tempo divertido, justo e sonhador. Um touro, lá porque nasce touro, não quer dizer que não possa ser, simplesmente, um apreciador da natureza, pois não?!?
A empatia para com o filme e sobretudo, para com o seu protagonista é quase imediata e inquebrável. É impossível não ficar totalmente deliciado com o jovem touro.
E foi TÃO bom!