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“Foge (Get Out)” de Jordan Peele

Seria realmente um sacrilégio não ter visto (ou escrito sobre) este Get Out.
Antes do final da temporada dos prémios.
E antes de selecionar os Melhores filmes do Ano.

A melhor forma de o descrever é que a obra de Jordan Peele é, de facto, um ser estranho, imprevisível e fantástico. Em todas as ascensões da palavra.

Não fosse o acaso – a que não será alheio o percurso do filme nesta temporada dos prémios – e este figuraria seguramente na sempre dolorosa lista dos filmes que gostaríamos de ter visto mas que não tivemos (ainda) possibilidade de ver. Bem, mas isso seria outra história.

A de Get Out é muito simples.
Após alguns meses de namoro, Chris (Daniel Kaluuya) prepara-se para conhecer os pais da sua namorada (Allison Williams). Dean e Missy (Bradley Whitford e Catherine Keener, respetivamente) não poderiam ser mais simpáticos… mas há algo de muito estranho com os criados da casa, ambos de raça negra, tal como Chris.
E quando o fim-de-semana em família acaba por coincidir com um encontro da “nata” local em casa dos Armitage, tudo pode acontecer! TUDO, mesmo.

É conhecida e plenamente assumida a minha desconfiança para com filmes de terror e suspense. Na sua larga maioria vivem de certos artifícios cinematográficos e pecam pela pouca coerência dos seus enredos… mas, de quando em vez, há filmes que transcendem géneros e preconceitos. Get Out é um daqueles exemplos superlativos!

Dias depois de ver o filme, persiste um certo desconforto, proporcional ao fascínio gerado pela obra de Jordan Peele. Mais surpreendente do que o enredo, só mesmo a total surpresa de ver um cineasta conotado com a comédia televisiva norte-americana (com os seus maneirismo pouco recomendáveis, pelo menos ao espetador europeu) assinar um filme tão eletrizante e voraz quanto este.

É impossível não ser assustado, não ter medo e não ficar com um forte desconforto no estômago, durante e após o filme. E, ainda assim, é tão bom!
Não é um caso de masoquismo. É, simplesmente, o reconhecimento dos nossos 5 sentidos de que algo de realmente diferente e único tinha acabado por passar à frente dos nossos olhos.

Foi realmente fantástico!

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