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“The Post” de Steven Spielberg

Fosse meramente um telefilme e seria, seguramente, o melhor dos últimos (largos) anos! Já do ponto de vista cinematográfico falta-lhe poder, alma e uma intriga à altura no nome dos envolvidos.

Do trio de notáveis, Tom Hanks é o que se sai melhor na fotografia. Apesar de ser aquele que menor reconhecimento tem alcançado pelo desempenho neste The Post, Tom carrega a história, o sentimento e a mensagem do filme às costas. E aos 60 anos surge com uma surpreendente jovialidade.

Relativamente à maior atriz de cinema de todos os tempos, a sua 21ª nomeação para um Oscar fala por si. De qualquer forma fica a clara sensação que o desempenho de Meryl Streep, por mais esplendorosa que a atriz e a sua representação da lendária Kay Graham sejam, funcionam bem mais como contraponto a Ben Bradlee (Hanks) do que em nome próprio.

Finalmente, Steven Spielberg. Mais do que o trabalho realizado atrás das câmaras, fica o poder e a determinação de um dos grandes realizadores de todos os tempos que conseguiu, do zero, colocar um filme na lista dos nomeados ao Oscar máximo, em meros 6 meses. A atualidade política nos EUA ajudou a conjugar vontades e agendas e a prova de que o mundo é redondo – ou seja que a História tem uma persistente tendência para se repetir – é tão alarmante como reveladora.

No auge na administração Nixon – os eventos deste The Post antecedem ligeiramente o caso Watergate – o New York Times e o Washington Post revelaram documentos secretos norte-americanos que expunham a realidade sobre o envolvimento dos EUA na Guerra do Vietname, bem antes e durante o conflito bélico. Face à posição dura do Governo norte-americano, Ben Bradlee (Hanks), editor-chefe do Post e Kay Graham (Streep), legítima proprietária do jornal e de todo o grupo, travaram uma decisiva batalha nos tribunais sobre o seu direito e o seu DEVER em revelar a verdade.

Numa altura em que o termo fake news tornou-se numa das expressões mais utilizadas por políticos e comentadores norte-americanos, a pertinência do filme é mais do que óbvia. A classe jornalística e, como se comprova, os homens e mulheres poderosos de Hollywood não olham a esforços para demonstrar que a atual conjetura é em tudo semelhante ao que ocorreu num passado não assim tão distante, e que não se pode repetir.

Curiosamente, o confronto entre jornalistas e o poder político teve já o seu 1º assalto, em Truth (Robertd Redford, Cate Blanchett) mas, apesar de bem mais contundente, explícito e revelador, o filme de James Vanderbilt não atingiu o grande público. Seria, por ventura, demasiado embaraçador para os envolvidos.

Voltando a The Post, Spielberg é bastante hábil a colocar todas as cartas na mesa, fazendo-nos parte intregante da trama, das dúvidas e da coragem demonstrada por homens e mulheres que podiam facilmente ter escolhido outro caminho. Infelzimente, seja porque a realidade assim o permitiu, seja porque o realizador não quis lhe dar essa dimensão, o enredo perde rapidamente o seu fulgor inicial, apostando bem mais em expor a verdade dos factos, do que em criar uma intriga (palaciana) que apaixonasse os espetadores.

Faltou fogo, a um filme que tinha os mais hábeis malabaristas para um grande espetáculo de pirotecnia.

Por fim, nota de rodapé para Michael Stuhlbarg que neste filme interpreta de forma irreconhecível e precisa o famoso editor do New York Times, Abe Rosenthal. Mas, para mais detalhes, podem sempre ler a nossa crítica a Call Me By your Name.

  

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