“Noite de Jogo (Game Night)” de John Francis Daley e Jonathan Goldstein

As comédias norte-americanas têm vindo a confirmar o aborrecido hábito de se revelarem exageradas, descontextualizadas e a resvalar para o mau gosto… Felizmente NÃO É o caso com este Game Night.

Jason Bateman e Rachel McAdams seguram as rédeas de um filme que parece destinado ao referido fado e concretizam um inesperado triplo mortal encarpado à retaguarda na perfeição.

O argumento de Mark Perez, e as suas melindrosas reviravoltas, ajudam – e de que maneira – ao sucesso do filme mas seria injusto não reconhecer o mérito dos seus protagonistas. Não há grande química entre Jason e Rachel mas os seus Max e Annie combinam na perfeição. O ar goofy mas compenetrado de ambos é tudo que o filme precisa para se tornar convincente!
E, depois, ainda temos Jesse Plemons para qualquer percalço…

O tiro de partida é simples. Um grupo de amigos há muito tem a tradição de se juntar regularmente para uma noite de jogos (de tabuleiro) e charadas. Max e Annie, agora casados, são os crónicos vencedores mas quando Brooks (Kyle Chandler), o irmão mais velho de Max, convida o grupo para uma noite diferente em sua casa, os jogadores estariam longe de prever o que lhes estava guardado.

Há, inevitavelmente alguma maluqueira por todo o enredo. Por vezes mesmo nós ficamos na dúvida até que ponto os devemos levar a sério mas John Francis Daley e Jonathan Goldstein têm o condão de fechar todas (ou quase) as pontas soltas com reconhecida competência e bom gosto.

A vários momentos somos surpreendidos com umas deliciosas gargalhadas e por um ou outro arrepio na espinha. Game Night não será propriamente uma comédia negra mas uma comédia que arrisca nesse território mais ácido para, rapidamente, retornar a um ambiente mais solarengo.

Se The Game – o filme de 1997 realizado por David Fincher com Michael Douglas no principal papel – serviu de inspiração, Game Night é um merecido subdito. A premissa é inquestionavelmente semelhante mas o tom é claramente distinto e bem mais adocicado.

É engraçado. É simpático. É um ótimo programa cinematográfico.
E não morde.

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