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“Papillon” de Michael Noer

Pese embora a sua proliferação pela 7ª arte, é preciso alguma dose de coragem e determinação para fazer um remake.

45 anos é tempo mais do que suficiente para captar toda uma (ou várias!) nova geração de cinéfilos e espetadores… mesmo quando se trabalha uma história imortalizada pelo talento de nomes como Steve McQueen, Dustin Hoffman e Franklin Schaffner.

Independentemente do grau de autenticidade da história de vida de Papillon (ou Henri Charrière), estamos perante um grande argumento, recheado da malícia, surpresas e superações. Mas grande, enorme, história!

O filme é bastante doloroso de se ver. A história dos criminosos franceses desterrados na Guiana francesa em meados do século XX está longe de ser agradável mas a verdade é que Michael Noer consegue encontrar sempre um motivo de esperança e superação em cada episódio da vida prisional dos nossos “heróis”.

Papillon e Louis Dega (Charlie Hunnam e Rami Malek) formam a mais improvável das duplas… mesmo no cárcere. Henri é um larápio que fruto da sua ganância e sobrancerismo acabou atrás das grades enquanto Dega é um modesto falsificador. Naturalmente há algo que os liga. Papillon é implacável, incansável e impiedoso. Já o seu parceiro de cela é frágil mas extremamente rico e bem versado e em troca de proteção está disposto a financiar os megalómanos planos do seu (novo) amigo.

Cenários fantásticos. Uma história incrível. Dois grandes desempenhos com maior destaque para Hunnam que continua a construir um precioso currículo ainda que algo distante do grande público. Rapaz de forte presença e olhar introspetivo, o ator de Pacific Rim ou The Lost City of Z não tardará a chegar a um público bem mais vasto e apreciador… se assim o quiser.

É difícil não ficar vidrado e rendido a um filme bastante completo e pode ter – e tem, certamente! – os seus defeitos mas que é um belo exemplo de cinema… no seu sentido lado.

Obviamente que o desconhecimento relativamente ao filme de 1973 ajudará a apreciar este novo ensaio sobre a obra de Charrière – aliás como acontece com todos os remakes! – mas passaram mais de 4 décadas… e uma história destas merece chegar a novos públicos.

Foi surpreendentemente chocante… e bom!

   

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