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“Viúvas (Widows)” de Steve McQueen

Porque (ainda) há cineastas assim!

Não sei até que ponto será justo, para com o trabalho de Steve McQueen, afirmar que a forma superou o conteúdo mas foi a principal sensação que nos ficou depois deste Widows.

O premiado realizador inglês continua a construir uma carreira impressionante e se o género cinematográfico não seria o mais expectável depois de 12 Years a Slave, ele encarregou-se, rapidamente, de nos provar que quando há (muito) talento essas designações pouco importam.

O argumento, a meias entre Gillian Flynn (autora de Gone Girl) e o próprio McQueen – a partir do romance de Lynda La Plante – ajuda e de que maneira a elevar o nível do filme. Com uma estrutura narrativa inteligente e bastante abrangente (quiçá demasiado abrangente para a 7ª arte), somos conduzidos por entre uma série de subplots sociais, políticos, económicos e pessoais até chegarmos a um desenlace com aquela dose certa de surpresa e relevância.

Quatro viúvas são colocadas à prova quando a última vítima dos seus falecidos maridos, as ameaça (de morte) caso não recuperem o montante roubado, 2 milhões de dólares.
De luto e com a cabeça a prémio, Veronica, Linda, Alice e Amanda (Viola Davis, Michelle RodriguezElizabeth Debicki e Carrie Coon, respetivamente) farão das tripas coração para garantir a sua sobrevivência. Mesmo que isso signifique colocar a vida em risco!

Na prática Widows é um heist movie que se transforma num drama social, até nos presentear com uma reviravolta que no mínimo aumenta exponencialmente a tensão em torno da sua história. Pelo meio, McQueen cria algumas das cenas mais marcantes do ano, com planos surpreendentes e altamente criativos que nos garantem estarmos perante algo realmente distinto.

O senão é que depois de imenso twist, o filme ao invés de ganhar dimensão e intensidade, volta ao registo anterior, conjugando boas ideias com belos planos, mas sem nunca atingir plenamente o potencial que o nome dos envolvidos e o conceito inicial parecia prometer.

Mas há, também, atores como Daniel Kaluuya ou Cynthia Erivo que agarram as personagens e lhes dão vida para lá do expectável. O protagonista de Get Out volta a confirmar pergaminhos enquanto que a estreante Erivo (que vimos pela primeira vez em Bad Times at the El Royale) promete tornar-se num caso sério em Hollywood.

Motivos não faltam para ficarmos “agarrados” à grande tela e só é pena mesmo que McQueen não tenha conseguido manter os níveis de intensidade e emotividade em crescendo durante todo o filme. Especialmente depois de um apetitoso twist que prometia fazer o filme “explodir” para outro patamar.

Prometeu e cumpriu… quase na perfeição.

    

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