“Uma Guerra Pessoal (A Private War)” de Matthew Heineman
Muito provavelmente, Rosamund Pike tem neste filme o melhor desempenho do ano!
A Private War está longe, bem longe, de ser um filme para todos mas é cinema de qualidade, real, autêntico, desconfortável e precioso. Longe do fogo-de-artifício e da fantasia e no extremo oposto do “cinema chiclete”, o filme de Matthew Heineman é um retrato visceral de uma das grandes jornalistas do século XX e, por arrasto, da História deste século.
Marie Colvin tornou-se numa das maiores referências do jornalismo de guerra pela sua perseverança em descobrir “a verdade” para lá das máquinas de propaganda dos governos opressores dos 4 cantos do mundo. A jornalista de origem norte-americana nunca enjeitou um desafio, uma aventura, na busca pelo “outro lado” da história… especialmente quando para tal era necessário desafiar o status quo e colocar o dedo na ferida.
Conhecemos Colvin (Pike) no Sri Lanka, ainda sem a sua característica pala no olho esquerdo. Seguem-se outros famosos palcos de guerra dos nossos tempos, sempre com a jornalista em busca d’A Notícia. Algumas vezes longe da ação, mas na maioria do tempo dando, literalmente, o “corpo às balas”, a jornalista alia um apurado sentido jornalistico e uma moral inquebrável, a uma inesgotável dose de loucura e coragem. Nos intervalos Marie tenta levar uma vida normal mas nem sempre é fácil possível!!
Para lá do magnifico desempenho de Rosamund Pike, nota para a presença do jovem Jamie Dornan. O reconhecido Mr Grey, na versão cinematográfico da obra de E.L. James, prossegue com a sua carreira longe dos filmes de romance e sedução e, verdade seja dita, tem revelado um talento bem superior ao aquele o seu desempenho no papel do famoso playboy deixava antever. Há dias em Robin Hood, e agora no papel de Paul Conroy, parece haver mais do que a primeira vista podia sugerir.
Pike tem um daqueles desempenhos para a vida e muito o deve a Matthew Heineman. O realizador de documentários – referência que ajuda a perceber muito do filme – tem a sua estreia no cinema de “ficção” com uma obra que, em boa verdade, é um misto de ambos os modelos. A autenticidade das imagens, das histórias e, por que não, do desempenho de Rosamund Pike, fazem deste A Private War um daqueles filmes extremamente reveladores e corrosivos.
É inegável que é preciso ter estômago. Mas é um preço justo a “pagar” pelo retrato desta incomparável senhora!
E o Oscar para Pike, não seria mais do que plenamente justo.