“Aquaman” de James Wan
Não querendo retirar mérito ao trabalho realizado, ficou-nos a sensação que o sucesso deste Aquaman diz mais dos atuais espetadores de cinema do que, propriamente, do cinema em si.
Um herói (bruta-montes) reluctante e rabugento, uma moça bem parecida, muito CGI, fantasia e super-heroismos por obrigação. Será mais ou menos este o desejo secreto do espetador (adolescente) de cinema.
Não é à toa que Dwayne Johnsson é a maior estrela de cinema da atualidade…
Comparações à parte, Jason Momoa faz o seu papel. Depois de breves aparições nos filmes de Justice League, o lutador de luta livre tornado ator, tem direito a pleno protagonismo neste Aquaman mas não vem sozinho. Amber Heard é a “moça em apuros” a necessitar de ajuda (ou será mais ao contrário??) enquanto Patrick Wilson assume, ainda que de forma algo artificial, o papel de vilão.
Um pouco à imagem do sucedido com Black Panther a comoção em torno deste novo filme de super-heróis passou-nos um bocadinho ao lado. O entretenimento é bom, os efeitos especiais também, mas, o que realmente apreciamos foram os (breves) momentos acima da água. Lá, onde Arthur e Mera se confundem com o comum dos mortais, o filme ganha outra solidez e proximidade que teima em desvanecer-se quando submersa.
O imenso oceano que abarca a larga maioria do filme pode ser vibrante, entusiasmante e até desafiante mas, no final, não deixa de ser uma tela verde recheada de pixels! Trabalho de grande qualidade, deva-se acrescentar mas demasiado artificial para ser sentido.
Nos primórdios do projeto Marvel, o maior elogio que lhe era feito residia na sua capacidade em ser real! Iron Man era quase um “gajo normal”. Captain American, também (mas com esteróides). E a Nick Fury apenas lhe falta um olho. Pode parecer estranho para uma saga de SUPER-HERÓIS(!!) mas foi isso que captou a atenção e imaginação de uma vastíssima legião de fãs.
Quando a DC Comics “entrou em campo” já não havia espaço para grandes realismos, mesmo que o filme a solo de Wonder Woman seja a prova viva que contextualizar a ação na I Guerra Mundial (ao invés da Atlântida) trará, sempre, resultados mais autênticos.
James Wan fez o seu trabalho. E garantiu ao seu projeto uma, ou várias, sequelas. Nos dias de hoje é difícil pedir muito mais. Agora só falta a Warner Bros esquecer essa obsessão por vilões catastróficos e batalhas inter-planetárias e apostar em histórias mais cirúrgicas e pessoais. Dizemos nós.
Alheado da vida das profundezas do mar em virtude do destino que esta reservou para a sua mãe (Nicole Kidman), Arthur (Momoa) acaba por, relutantemente, aceder ao pedido de Mera – e do seu mentor Vulko (Willem Dafoe) – para reclamar o trono da Atlântida. Mas, mesmo antes de desafir o “Rei” Orm (Wilson), Arhtur e Mera terão de enfrentar outros perigos e aventuras bem mais mundanas e latentes.
É um filme de aventuras com alguns momentos visualmente deslumbrantes, bom humor, ação, uma pitada de romance e um super-herói com imenso potencial.
Depois de WW e deste Aquaman fica a certeza que a Warner deveria ter apostado nos filmes a solo antes de se aventurar em grandes produções “coletivas”.
Alguém, ainda, tem dúvidas disso?!?
Aquaman will return. Mais depressa do que seria expetável, há um mês…