“Glass” de M. Night Shyamalan
The Sixth Sense.
9 em cada 10 (ou 99 em cada 100) irão referir o fenomenal filme de suspense como o momento que define a carreira e a visão de M. Night Shyamalan.
Todavia, logo no ano seguinte (no nosso país ambos em 2000), tivemos Unbreakable. E se na altura o filme não foi o sucesso que merecia ter sido… 18 anos volvidos é possível perceber o quão injustos fomos para com o realizador de origem indiana.
Shyamalan teve seguramente os seus percalços de carreira – os maiores , por ventura, After Earth e The Happening – mas para lá da excelência dos seus twists e da forma subtil e inteligente como filma o suspense e (em menor escala) o terror, há algo que ele nos deu… sem nós o termos reconhecido.
Em 2000, 8(!!) anos antes de Iron Man ou The Incredible Hulk e do “nascimento” dos Universos Cinemáticos, ficámos a conhecer David Dunn e Elijah Price, herói e vilão pouco convencionais para a altura, mas que aos olhos de hoje nos parecem perfeitamente normais. Ou seja, não é que Shyamalan tenha criado ou mesmo impulsionado o género dos super-heróis, mas ajudou… e de que maneira.
Ora bem, se no início do século, Shyamalan estava à frente do seu tempo, fica a clara sensação que 18 anos volvidos continua a estar. Glass é aquilo que vários filmes de super-heróis já deviam ter sido (a saga X-Men tem alguns exemplos disso, por exemplo)… e o que outros ambicionam ser!
Não querendo entrar em detalhes desnecessários, mas o “tratamento” que o filme dá a The Beast, Mr Glass e a David Dunn é simplesmente preciso. E por mais surpreendente que possa ser (ou não!) é impossível não concordar que tudo faz pleno sentido no final.
Para além do trio de protagonistas, James McAvoy, Samuel L. Jackson e Bruce Willis que recuperam as suas personagens com inegável talento e qualidade, o devido destaque para Sarah Paulson, cuja Drª Ellie Staple é, na sua ambiguidade, o motor de toda a narrativa.
O mais impressionante é que apesar de toda a expetativa criada em redor desta dupla sequela de Unbreakable e Split, o filme mantém o esperador pregado na cadeira de início ao fim e ainda consegue fazer-nos sair da sala com um sorriso nos lábios.
Talvez Shyamalan continue à frente no seu tempo. Talvez faltem uns anos até que consigamos dar o devido valor a Glass. Talvez o (desenlace do) filme seja demasiado complexo. Talvez haja realmente gostos para tudo.
Nós gostámos. Muito.
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