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“Dumbo” de Tim Burton

Confesso que já ia um pouco de “pé atrás”.

Obviamente que a adaptação ao cinema (de imagem real) de uma das mais carismáticas personagens do universo Disney nunca seria tarefa fácil. São muitos e muitos anos de um imaginário coletivo que seria colocado em causa ou meramente replicada para a grande tela.

Será sempre esse o conflito por entre os corredores do gigante do entretenimento a cada nova adaptação mas, desta vez, seria facilmente perceptível, logo pela escolha do realizador, que novos mundos nos esperariam.
Tim Burton é o mestre do bizarro e, em teoria, Dumbo cairia que nem uma luva no seu mundo (cinematográfico).

Nada mais certo, o pequeno elefante das orelhas enormes parece algo corriqueiro no currículo de um realizador responsável por filmes como Big Fish, Sleepy Hollow ou Corpse Bride. E, sem dúvida nenhuma, o pequenote é, de longe, o que de melhor o filme tem para oferecer.
O problema é que, para lá das orelhas tímidas que escondem o rosto assustado do jovem Dumbo há todo um filme sem grande interesse ou critério.

Misturam-se enredos, personagens e cenários sem grande objetividade ou imaginação, perde-se o rumo da história e qualquer réstia de emotividade. Tudo surge demasiado previsível e, acima de tudo, sombrio, escuro e tristonho.
Seria ingénuo esperar que Burton, de repente, se deixasse encantar pela atratividade de uma tela colorida e bem-humorada, que se apaixonasse pelo romantismo da personagem e se deixasse enganar pelo moralmente correto.

Mas isso não deveria, forçosamente, implicar que o filme fosse frequentemente desconfortável e desapaixonante. A empatia com Dumbo é praticamente imediata mas as demais personagens parece demasiadas vezes deslocadas e isoladas.
E mesmo quando o filme avança, aventura-se e arrisca, o desastre parece inevitável!

Max Medici (Danny deVito) é o dono do circo itinerante que percorre os caminhos-de-ferro norte-americanos do período pré-Grande Depressão. Apesar da crise e da Guerra, a perseverança e a dedicação de toda a trupe mantém o espetáculo de pé.
Até que, como por artes mágicas, Dumbo surge na vida dos jovens Farrier. Sob a supervisão do pai dos miúdos (Colin Farrell), o pequeno elefante irá atrair multidões ávidas por novos sonhos e descobertas. Mas nem tudo serão rosas, especialmente quando o extravagante V.A.Vandevere (Michael Keaton) demonstra a sua admiração pelo nosso herói de orelhas desproporcionais.

A mera transferência de uma personagem como Dumbo para o típico registo que conhecemos de Tim Burton não é suficiente para levar o filme a bom porto.

Apesar do olhar ternurento e sentido do protagonista, há todo um conjunto de sub enredos que ora surgem sem grande propósito, ora culminam sem grande mérito, apesar dos esforços do elenco.

Honestamente, não me convenceu.

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