“Campeões (Campeones)” de Javier Fesser
Cada um pode ser Campeão à sua maneira. Há uns que chegam aos 3 milhões de espetadores (só em Espanha) e ao Goya de Melhor Filme. E, nestas coisas, não há acasos!
O rol de elogios e menções é extenso e ficará sempre aquém do merecido. O humor é refinado, mesmo que algumas vezes a roçar o sarcástico, ou mesmo, o negro. O moral da história é fantástico. A lição de vida ainda melhor. Aprendemos (a aceitar). Sorrimos (com eles). Compreendemos (o caminho a percorrer). E ainda temos o basket…
Quando Marco (Javier Gutiérrez) é condenado a serviço comunitário estaria longe de antecipar o que o aguardava. Los Amigos é uma equipa de basket, ou melhor, um conjunto de indivíduos que tenta jogar basket. Indivíduos que tem as suas profissões, os seus hobbies e suas relações familiares e algum grau de deficiência cognitiva. Em suma, pessoas especiais, com muito para aprender… e muito para ensinar!
O filme vai evoluindo. À medida que se adaptam à presença dos demais, cada um deles vai “baixando a guarda”, abrindo o coração e tornando-se uma pessoa melhor.
E nós, enquanto sorrimos e nos admiramos com cada revelação ou superação, vamos enchendo a alma e o coração.
Por cada gargalhada bem sonora há um momento mais sério, mais pessoal, mais revelador. E aos poucos, o filme deixa de ser uma piada, para ser algo bem mais sério. A mensagem entra e fica bem incrustada em nós, graças a uma linguagem hábil e sorrateira que primeiro nos atraia e depois nos esmaga.
É impossível não querer sair da sala e mudar o mundo. Uma gargalhada de cada vez.
O cinema (também) é ISTO!
É sempre melhor ver estes filmes no cinema, do que não chegar a vê-los de todo, mas não devia ser necessário esperar 1 ano (desde a sua estreia em Espanha) ou 5 meses (desde a sua conquista dos Goyas) para que tal aconteça. É algo que tem de mudar no nosso mercado e a exigência tem de começar por cada um de nós!