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“Por Aqui Tudo Bem (Jusqu’ici Tout Va Bien)” de Mohamed Hamidi

O cinema francês é pródigo na arte de fazer rir como poucos, da mesma forma que consegue contar histórias reais que nos parecem tão sinceras e pessoais, como se fossem as nossas.

Mas pode, também, ser apenas um filme de matinée de fim-de-semana. Agradável. Competente. Honesto. E fica a clara sensação que Mohamed Hamidi fez exatamente isso. E muito bem.

Sem o apelo comercial de outros sucessos maiores do cinema norte-americano, ou mesmo francês, Jusqu’ici tout va bien chegou (e saiu) das salas de cinema nacionais sem qualquer aparato ou comoção.

É uma pena que assim seja. Não é que os espetadores portugueses tenham perdido um daqueles fenómenos cinematográficos (ou filme de culto) que perpetue durante anos, mas no meio de tantos desinteressantes, despropositados e inconsequentes filmes que estreiam por cá a cada mês, Por Aqui (está realmente) Tudo Bem!

Gilles Lellouche tem estilo, presença e uma inegável lábia que é evidente na maioria dos seus papéis na 7ª arte. É ele o epicentro desta comédia ligeira, com pinceladas de retrato social e (auto)crítica francófona. A sua Happy Few é apenas a desculpa para demonstrar, mais uma vez, que as diferenças estão sobretudo nos olhos de quem olha e não no coração de quem faz.

Os subúrbios de Paris são o local predilto do cinema social e cultural francês e voltam a acolher novo retrato aprimorado desse dilema parisiense, com a mesma sagacidade e perspicácia que os habitantes de Courneuve dão as boas vindas à agência de publicidade liderada por Fred Bartel (Lellouche).
Acusado de invasão fiscal, o audacioso e espirituoso dono da Happy Few terá, sob ameaça da autoridade tributária, de deslocalizar a sua empresa para os mal-amados subúrbios da capital francesa.
E tudo será consideravelmente diferente… do esperado!

Se em termos narrativos, o filme parece mais um episódio de uma sitcom, com histórias que surge quase do nada e outras sem grande evolução ou consequência, os momentos são bem passados e perspicazes. Não faltam alguns clichés do género mas frequentemente com o espírito e a honestidade para serem encarados com renovada condescendência e curiosidade.

Acabamos por rir, escutar, ver e refletir. Percebemos que, por vezes, estão nas entrelinhas os detalhes mais adoráveis e que é possível ser sério e divertido ao mesmo tempo.

É um filme bom que tentou (e conseguiu!) ser apenas isso mesmo. E ainda bem!

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