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“Skin: História Proibida” de Guy Nattiv

Numa altura em que tanto se fala do desempenho de Joaquin Phoenix em/como Joker – e com plena justiça! – é mais do que imprescindível introduzir nessa conversa a interpretação de Jamie Bell, em Skin.

Sem qualquer necessidade para comparações, até porque cada um à sua maneira representa o que de melhor se fez na 7ª arte, este ano, mas dando o devido mérito a ambos, são dois momentos inigualáveis.
Representam os dois, figuras incrivelmente transfigurados pela dor, pela dúvida e pela extrema necessidade em serem quem não são.
Com percursos antagónicos, ambos completam, ao longo do filme, uma gloriosa metamorfose. A principal diferença é que enquanto Phoenix transforma por completo uma personagem que faz parte do imaginário coletivo da atual cultura popular, Bell encarna uma pessoa real.

A admiração, neste caso, não deriva tanto o facto do ator inglês surgir quase irreconhecível, por detrás do ódio, da raiva e, naturalmente, das tatuagens de Bryon Wilder – um neonazi racista com uma história de vida improvável – é, sobretudo, a entrega, a abnegação e a dor e doçura no seu olhar.

Há muito nesta crítica que só fará plenamente sentido para quem viu o filme. Os demais estranharão alguns dos adjetivos e dos louvores para com um papel tão controverso e perigoso. A verdade é que a história – verídica, enfatizamos! – encarregou-se de lhe dar os instrumentos para construir uma personagem complexa, desafiante e humana. De uma humanidade difícil de perspetivar em alguns momentos, mas totalmente autêntica, sem dúvida alguma.

Criado no seio de uma comunidade fascista e racista, Bryon Widner (Bell) está longe de ser um cidadão exemplar. Mas quando o jovem neonazi decide mudar de vida com o auxílio da sua namorada (Danielle MacDonald) e de um ativista negro (Mike Colter), o longo calvário que atravessará, irá mudar, para sempre, a sua vida. Incluindo a remoção de 25 tatuagens, nos membros, pescoço e cara.

Se a parte mais física e contundente do filme fica entregue a Bell, a jovem Danielle encarrega-se do lado mais emocional e humano. Sem grande alarido ou necessidade de protagonismo, a sua Julie tem a dose certa de paixão e loucura para fazer-nos acreditar na história retratada (e na própria humanidade). Porque há pessoas boas em todo o lado. E muitas precisam apenas de alguém que lhes dê a mão… e as compreendam.

Não é um filme fácil. Bem longe disso. Mas a história é realmente marcante, assim como o desempenho de Bell.

E seria apenas justo que, tal como Phoenix, o jovem ator inglês andasse nas boas do mundo.
De agora até Fevereiro próximo, pelo menos.

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