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“Last Christmas” de Paul Feig

Que as comédias românticas são um género cinematográfico em coma profundo já todos sabemos, mas os filmes de Natal??

Apostámos tudo!
Estávamos lá, bem no centro da ação, na cidade dos mil e um encantos natalícios, onde as luzes são mais brilhantes, os pinheiros enfeitados até à exaustão, as ruas cintilantes e, no ar, sente-se um frio com aragens de Lapónia.

O quadro estava montado. A música do George Michael. A escrita da Emma Thompson. A vibração da Emilia Clarke. O charme do Henry Golding. A câmara do Paul Feig.

Last Christmas, a canção, era o mote. Talvez até se tenha feito justiça às palavras da canção. Mas, pelo menos para mim, o espírito da mesma foi amplamente adulterado. 35 anos depois, a música que faz parte do imaginário coletivo de várias gerações, representa algo bem diferente da mensagem que o filme quis transmitir. Algo mágico, fantasioso, apaixonante, mas, igualmente, jovial, inocente e fascinante.
A mensagem política e social pode ser adequada, importante até, mas se pode parecer ingénuo acreditar na magia do Natal, sê-lo-á, ainda mais, crer que é possível resolver todos os problemas do mundo com um filme (de Natal) apenas.

É impossível “apontar o dedo” a Emilia ou Henry. Tão pouco a Michelle Yeoh ou Emma Thompson, a atriz, neste caso. Covent Garden, Regent Street, o Southwark e mesmo a igreja de St Mary, em Marylebone não têm o que reclamar, mas o Natal em Londres, o longo período de celebração que se estende por quase mês e meio é, seguramente, bem mais mágico do que isto.

Imigrante oriunda da antiga Jugoslávia, Kate (Clarke) foi, há não muito tempo, uma alma livre e fascinante que se adaptou da melhor forma a uma Londres recheada de oportunidades e tentações. No entanto, um vertiginoso problema de saúde causou nela uma desconfortável sensação de impotência e insegurança que a levou a perpetuar um estado de inação e ressentimento.
Até que surge na sua vida Tom (Golding), um “cavalheiro andante” que lhe dá a conhecer uma outra cidade, um outro tipo de relacionamento, uma nova Kate. E é Natal. Ou quase.

Independentemente do surpreendente rumo da história – e da sua semelhança com outros filmes do género – há uma bela mensagem na escrita de Emma Thompson. Uma mensagem atenta, preocupada, recheado de sentimento e emoção, mas muito, bastante, longe daquilo que o filme (e a sua campanha de marketing) prometia.

Defraudados restou-nos voltar para ruas, subir ao London Eye, ouvir os coros em Trafalgar Square, percorrer as barraquinhas de Natal de Leicester Square e do South Bank walk e deixar-nos levar pela magia de cada árvore de Natal, de cada coroa, de cada estrela, de cada canção…

É Natal! Certamente melhor do que o anterior. Pior do que o próximo!
E a música não pára de tocar na rádio!

Last Christmas, I gave you my heart
But the very next day you gave it away
This year, to save me from tears
I’ll give it to someone special

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  1. Last Christmas: 3*

    É um bom filme com uma mensagem bonita, mas tem demasiados clichés.

    Cumprimentos, Frederico Daniel.

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