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“Os Aeronautas (The Aeronauts)” de Tom Hooper

Faltou apenas o IMAX!

Eddie Redmayne e Felicity Jones voltam a contracenar (depois do oscarizado The Theory of Everything), num filme que para além dos demais atributos tem o condão de tornar uma viagem de balão de ar quente, num eletrizante filme de coragem, visão e superação.

 Claro que não se tratou de uma viagem qualquer. Em 1862, James Glaisher e o seu piloto (mais à frente, esclarecemos!) subiram mais alto que qualquer outro, para bem da ciência e dos respetivos egos. Essa viagem histórica é o mote para o filme de Tom Hooper. E, arrisco-me a dizer, não fosse alguma liberdade narrativa, e podíamos estar perante um dos destaques desta temporada dos prémios!

The Aeronauts consegue combinar o melhor do cinema de entretenimento com doses certeiras de drama e relevo científico, demonstrando a grandeza do ser humano e das suas ideias. É apenas uma viagem, de balão. Mas, em 1862, não era apenas uma viagem, de balão.

Com recurso a flashbacks vamos acompanhando a viagem, de balão, ao mesmo tempo que ficamos a conhecer melhor os nossos dois protagonistas. James (Redmayne), o cientista de serviço. Obstinado, visionário e quadrado. Amelia (Jones), a navegadora, irreverente, sonhadora e apaixonada. Dessa combinação improvável, especialmente para a época, resulta uma das mais extraordinárias viagens, de balão. O objetivo era o de estudar o ar e os seus componentes de forma a fazer avançar a meteorologia, na altura comparada ao ilusionismo e às viagens à Lua. Mas James e Amelia, tinham, também, as suas motivações pessoais. Uma delas, a de bater o recorde de altitude.

A cadência é implacável, o crescendo de emoção, também. Acompanhamos a viagem como se estivéssemos lá dentro da cesta e ao mesmo tempo como se estivéssemos do lado de fora, a olhar para a fragilidade e engenho de um mero balão de ar quente.

Hooper (The King’s Speech, Les Misérables) tem o talento para nos manter curiosos e interessados. Os pequenos avanços nas descobertas e na história são alcançados pouco a pouco, como recompensa do nosso esforço e compromisso. Mesmo sem estar numa sala IMAX (para muito pena nossa!) dá para viver esta viagem bem de perto. E saboreá-la plenamente, enquanto dura.

O cinema também é isto. Pegar num retalho da História e transformá-lo numa aventura. Facilmente percebemos que tivemos direito ao pacote completo, sem precisar de nos aventurarmos repetidamente.

Essa é a primeira nuance da história, ao condensar numa só viagem o resultado de inúmeras expedições. A outra é que, na época (tal como acontece ainda hoje!!) não havia assim tantas mulheres aceites no mundo da ciência, muito menos na aviação.

É o que único senão do filme. Perceber que James Glaisher foi, em boa verdade, acompanhado no seu feito por Henry Coxwell, o seu co-piloto.

Perdeu-se algum rigor histórico. Ganhou-se um filme!
E dos bons!

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