“Frozen II” de Chris Buck e Jennifer Lee
Enquanto não encerramos o ano de 2019, há tempo para… FROZEN II.
Há 6 anos quando a Disney estreou o capítulo inicial, a expetativa era quase… nenhuma. Longe dos tempos áureos das princesas e dos “E viveram felizes para sempre!”, a casa do Rato Mickey parecia ter perdido a sua varinha mágica. Tangled tinha demonstrado que o futuro podia vir a ser risonho, mas não deixava de ser mais do mesmo.
Elsa e Anna foram uma lufada de ar fresco. Gelado, como todos sabemos. Mas por entre mais uma história de princesas, príncipes e cavaleiros, havia algo de novo. Duas irmãs – e uma enorme piscadela de olho ao público feminino – um “lenhador” trapalhão mas apaixonado, uma rena e um boneco de neve. E as músicas.
Let it Go, Do You Want to Build a Snowman? e For the First Time in Forever foram sucessos meteóricos. Da sua simplicidade e força nascia uma nova geração de fãs (sobretudo no feminino) que viam as suas princesas assumirem pleno protagonismo, serem heroínas e vilãs e, sobretudo, independentes. E uma enorme fonte de rendimento em merchandising!
Foram necessários uns astronómicos – aos olhos de hoje – 6 anos para chegar a sequela. Anos e anos a vender uma amizade, uma cumplicidade e uma nova forma de ser princesa, com apenas hora e meia de filme. Frozen II não tinha como falhar. Não era uma daquelas sequelas feitas à pressa, sem reflexão ou evolução. Uma daquelas sequelas que se limita a repetir a fórmula de sucesso do seu antecessor. Uma daquelas sequelas que, muitas vezes, se devia limitar a straight-to-DVD!
E não falhou. A saga foi Muito Mais Além, Para o Desconhecido e venceu. Pode-se sempre questionar uma outra opção narrativa mas esses detalhes que condicionam a emoção e autenticidade do desenlace final não mancham, de forma alguma, o enredo construído ao longo de quase duas horas.
Ar. Fogo. Terra. Água. A mitologia menciona consistentemente um 5 elemento, que une os restantes quatro, porque sem um elo de ligação não seriamos mais do que estrelas no céu de uma noite de Verão.
A forma como estes 4 elementos são enunciados é, de facto, deliciosa. Cada um deles com a sua relevância, com a sua personalidade, com a sua personificação. Paulatinamente e se forma amplamente coerente, entram em cena e interagem com os nossos heróis. E tudo, quase tudo, funciona na perfeição.
Percebe-se, a léguas de distância, que (quase) nada foi deixado ao acaso. Sem pressas ou pressões, a história foi construída com princípio, meio e… muito talento. O filme arrisca ao trazer o passado, mas fá-lo plenamente ciente desse risco e das suas consequências, porque é impossível compreender o presente e antecipar o futuro, sem conhecer o passado.
Elsa e Anna (e Kristoff e Olaf e Sven) vivem felizes em Arendelle. As angústias e as inseguranças são apenas lembranças do passado. Um passado que promete novas revelações quando uma voz parece chamar pela jovem Rainha.
Em busca de respostas, as irmãs e os seus amigos partem para Norte, lá longe onde uma lenda (ou profecia) do tempo do seu avô parece prestes a concretizar-se. Mais uma vez, as convicções e determinação de todos serão postas à prova, mas, desta vez, de forma harmoniosa e cúmplice.
Visualmente esta sequela está uns anos luz à frente do seu antecessor. Com total liberdade para explorar diferentes cenários e localizações, o filme evolui de paleta de cores, em paleta de cores. Apanágio da sua história, Anna e Elsa não deixam de ter os seus momentos mais sombrios e tenebrosos, mas, naturalmente, há sempre uma luz (de mil e uma cores) ao fundo do túnel.
E fica a clara ideia que há muito para contar, para explorar, para fazer. O cenário está montado, para novas e fraternas aventuras.
Só é mesmo pena que não consigamos assistir à versão original.
Especialmente, no que às canções diz respeito.