“Segunda Vida (Un Homme Pressé)” de Hervé Mimran
Fechamos com um filme diferente, pelas mais variadas razões.
Un Homme Pressé é, primeiro que tudo, baseado numa história verídica. Uma história, infelizmente, igual a muitas outras, mas que neste caso é a do antigo CEO da Peugeot.
Homem de negócios incansável, lutador e visionário, Christian Stieff era, antes de mais, um Homem como outro qualquer, e quando um AVC o deixou acamado e desprovido de quase todas as suas competências do próprio dia-a-dia, o recomeço não foi seguramente fácil.
Alain Wapler (Fabrice Luchini) é o nome da personagem baseada na experiência de vida de Christian. Um homem totalmente imagem da figura verídica em que se baseia.
Era um dia normal como qualquer outro, quando o Acidente aconteceu. E se o fatídico momento é bastante angustiante, tudo o que se segue, não lhe fica atrás. Desprovido de capacidades elementares como falar ou andar corretamente, Alain terá de reaprender tudo, como se de uma criança de meses se tratasse. Os altos e baixos desse processo fazem o filme.
Naturalmente há dois tipos de espetadores para este filme. Os que já vivenciaram a história e os que não. É realmente incrível a semelhança do episódio retratado com a vida real. Obviamente cada caso será um caso, mas no global, as semelhanças são até desconfortáveis.
Há, felizmente, uma enorme lição de vida a retirar do filme de Hervé Mimran que nos acompanha de agora em diante. Uma lição que não será exclusiva dos pacientes de tal malapata, mas de todos nós. A fragilidade de cada momento, obriga a relativizar emoções e situações, obriga a parar, pensar e agir em conformidade. Nada é mais importante do que o nosso bem-estar. Custe o que custar.
Luchini entrega-se de corpo e alma. Sempre sério e contundente, mas autoconsciente, a sua personagem caminha ao longo desse exaustivo processo sem exageros ou contemplações. Há, obrigatoriamente, alguns momentos mais descontraídos e relaxantes mas o assunto é sério e tem de ser encarado como tal!
É lógico que em alguns momentos é possível soltar uma gargalhada ou um envergonhado sorriso, mas isso é, também, uma forma de encarar a vida. Com um sorriso nos lábios e o espírito sempre positivo.
A vida prega-nos rasteiras. Cabe a cada um de nós, reagir de forma mais virtuosa possível.
E sorrir, todos os dias. Porque a vida irá, seguramente, sorrir-nos de volta!