“O Rececionista (The Night Clerk)” de Michael Cristofer
Podia ser bem melhor, sejamos sinceros.
Se o primeiro ato é bastante interessante e o segundo ainda consegue manter a chama acesa, o terceiro é algo decepcionante.
Fica a clara sensação que o filme é construído na expetativa de um desenlace forte e surpreendente, o que acaba por não se concretizar…
Tye Sheridan é um dos exemplos maiores da falta de um verdadeiro clímax. Com um desempenho seguro e convincente durante grande parte do filme, o seu Bart Bromley revela-se algo desinteressante com o desenlace final.
Diferente, Bart tenta viver a sua normalidade, permanentemente na ânsia de se integrar ao máximo com quem o rodeia. Esse esforço nem sempre é compreendido, mas há sempre formas de esbater esse distanciamento. Mesmo que pouco (ou nada!) convencionais.
O voyeurismo é o tema central da história. Até que ponto é tolerável e compreensível, mesmo perante um crime?
Bart acaba por tornar-se no principal suspeito de um horrível homicídio, no motel onde trabalha. De testemunha principal, o jovem com Síndrome de Asperger acaba por tornar-se no principal suspeito. Mas, os espetadores, omniscientes poucas dúvidas têm.
O verdadeiro crime acaba por ser o espaço concedido a Helen Hunt, Ana de Armas e John Leguizamo. O trio de atores acaba por perder-se por entre as inseguranças e dúvidas do próprio filme, quando já demonstraram plenas competências para acrescentar bem mais a um filme que se foca, em exclusivo, no seu protagonista.
Michael Cristofer, realizador e argumentista, terá de arcar com as consequências da sua dupla função, porque se por um lado tem o condão de criar a estrutura narrativa inicial, é, também, responsável único pelo seu desaproveitamento.
Mais do que a sua (im)previsibilidade, o filme desperdiça uma boa oportunidade para ficar na memória dos espetadores.
Foi pena.