“Mais Uma Rodada (Druk)” de Thomas Vinterberg
É, singelamente, um dos melhores filmes do ano.
Não foi por mero acaso que conquistou os prémios de Melhor Filme, Realizador, Ator e Argumento dos European Film Awards, para além do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. E, preconceitos continentais à parte, é bem melhor do que Nomadland, por exemplo!
Basicamente existem 2 razões para esta comparação e apreço. A própria qualidade do filme de Thomas Vinterberg. Segundo, porque por muito familiarizados que estejamos com a cultura norte-americana e por mais estanho que o dinamarquês nos possa soar, as alegrias e amarguras de um quarteto de professores do liceu, será bem mais “nosso” do que os dramas dos nómadas norte-americanos.
Mads Mikkelsen é, há muito, um dos grandes atores europeus. Então se excluirmos os britânicos, mais assíduos nos nossos Cinemas, e dois ou três casos mais particulares do cinema espanhol e francês, o ator dinamarquês será por estes dias o expoente máximo da representação no velho continente. Com um desempenho contido mas contundente, Mads dá vida a um amargurado professor que procura(?) sair do marasmo em que se tornou a sua vida. Um homem comum, preso numa vida que nunca desejou mas da qual não consegue sair.
Thomas Vinterberg veste esta experiência sociológica do mais familiar quotidiano, dando espaço aos seus protagonistas para darem vida à sua história e guardando um brilhante final para um epilogo perfeito! Porque a música e a dança expiam qualquer demónio!
E começa logo com o ponto de partida. E se vivêssemos o nosso dia-a-dia com a dose certa de alcoolémia? É esse o enunciado dos 4 amigos professores de liceu que embarcam numa experiência pessoal e profissional, com um desenlace imprevisível. Inevitavelmente, tudo ficará muito bom, antes de se revelar catastrófico, mas, por muito surpreendente que algumas situações sejam, no final tudo tem o seu sentido.
Vivemos a experiência como espetadores, minores e, até, juízes. O fascínio pelo precipício, pelo risco e pela adrenalina chega a ser palpável e assustadora.
What a Life.