“Chaos Walking: O Ruído” de Doug Liman

Fica a certeza que a obra de Patrick Ness, mesmo distinta do rumo que Doug Liman dá ao filme, será profundamente mais intensa e marcante. De qualquer forma, o filme será bem mais refém das circunstanciais do que propriamente das suas lacunas. Foram vários meses de atrasos, inseguranças, incertezas e reshoots.
No final fica claro que o realizador nova-iorquino consegue dar vida ao elemento central da narrativa, a materialização dos pensamentos, mas perde-se no hercúleo desafio de representar a vertente humanada história. Num mundo diferente e longínquo, onde a humanidade procura um futuro melhor, os colonos vivem longe da “nossa” humanidade, sem valores, fé ou princípios. Até que uma mulher, vem deixar TUDO no mais perfeito CAOS! (No fundo, a história de vida, de todos e cada um de nós!)
Todd (Tom Holland) nunca conheceu outra realidade. No seu mundo não há mulheres, nem comida. A subsistência é garantida de forma arcaica, assim como as demais necessidades básicas. Até que Viola (Daisy Ridley) lhe cai, literalmente, do céu para o obrigar a questionar todos os seus dogmas. Sem referências ou valores, tudo será desafiante, novo, imprevisível.
The Knife of Never Letting Go é o 1º livro de uma trilogia de romances que aborda a nossa própria humanidade, ao mesmo tempo que mexe com detalhes tão isotéricos como o pensamento, o fim da privacidade e as verdades altamente (in)questionáveis.
Parece evidente que haveria muito mais para contar, mas é igualmente percetível que o filme tem como propósito fundamental, explorar essa característica singular, até à exaustão.
Os pensamentos, esse elemento imprevisível e incontrolavelmente poderoso, pode mover montanhas… e não só! Fica a certeza que não comandam a vida, pelo menos as de Todd e Viola, porque eles têm outros projetos… e muito que descobrir.
Ficou, sem dúvida, um sabor agridoce, de um filme que tinha muito (mais) para dar!

