“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings)” de Destin Daniel Cretton
A Marvel continua com receio de avançar com a Phase IV do seu MCU. Ou isso ou Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings estava “pronto” muito antes do “jogo terminar” (vá la, Endgame, ok?).
Depois de Black Widow se ter esquivado à questão ao se deslocalizar no tempo, Shang-Chi foge do tema, com um “vou ali… e já venho”. Estamos plenamente na era pós-Thanos, mas isso não quer dizer que a vida em São Francisco não possa ser como dantes.
Bem, pelo menos até um brutamontes com um braço mecânico que corta autocarros a meio, ir ao encontro de Shang-Chi, em busca do seu passado.
Depois de acontecimento traumático que lhe roubou a infância, Shaun (Simu Liu) optou por viver uma vida normal, entre os jantares com a sua melhor amiga, Katy (Awkwafina) e o seu emprego como arrumador de carros. Mas o passado tem uma persistente teimosia em reaparecer, mesmo para mestre em artes marciais, com ascendências pouco recomendáveis.
O filme de Destin Daniel Cretton tem um certo ar de Ant-Man e não só pela partilha dos cenários descontraídos e alegres da cidade de São Francisco. Shang-Chi, à semelhança de Paul Rudd, é aquele herói que não está minimamente interessado em sê-lo, ainda que, neste caso, por razões um pouco mais sérias do que os dotes de larápio de Scott Lang.
Mas The Lengend of the Ten Rings transporta consigo, também, a áurea dos filmes de artes marciais asiáticos, com alguma mitologia chinesa, serpentes e dragões. É essa atmosfera que permite ao novo super-herói da Marvel fugir ao passado recente do MCU, diversificando, apresentando novas personagens e testando novos limites.
O filme é, nitidamente, parte da estratégia corporativa e à grande escala da Disney/Marvel. O primeiro super-herói asiático da todo-poderosa parceria é totalmente protagonizado e dirigido por artistas asiáticos (ou de origem asiática), num evidente “piscar de olhos” a um dos maiores mercados do Cinema de Hollywood.
Para lá da diversificação, temos muito talento e um argumento minimamente cativante para prender os fãs da BD. Simu Liu pode não ter a confiança e experiência de outros super-heróis, mas demonstra total comprometimento e empenho no seu papel. E, claro, ajuda ter Awkwafina como parceira de aventuras. Descontraída, disponível e a meio caminho entre a loucura e diversão, a jovem nascida em Nova Iorque combina na perfeição com o nosso novo protagonista.
Mais aventuras estão garantidas e um novo grupo de super-heróis se perfila para assumir as despesas do Marvel Cinematic Universe.
O futuro espera-nos.