“Anjos e Demónios (Angels & Demons)” de Ron Howard
Óptimo thriller!
PÉSSIMA adaptação da obra de Dan Brown ao cinema!
Em 2 frases resumo de forma bastante clara os meus sentimentos perante a nova colaboração de Ron Howard e Tom Hanks para a adaptação de mais uma obra do famosíssimo escritor norte-americano.
Depois do imenso sucesso da adaptação de The Da Vinci Code, ao cinema e, sobretudo, pelo adulação que se seguiu perante a obra de Dan Brown, tornou-se quase obrigatório revisitar o seu universo, apostando numa sequela, também ela baseada numa sua obra original.
Alguns ajustes aqui, um novo penteado acolá, e voilá, de novo, Robert Langdon!
Como percebemos pelos acontecimentos relatados no 1º filme, Robert (Hanks) não seria propriamente a pessoa mais apreciada pela Igreja Católica mas quando uma ameaça antiga parece estar de regresso ao Vaticano, não restará outra solução à Santa Sé do que recorrer aos serviços do mais conceituado simbologista de Harvard.
Com a recente morte do Papa, o conclave está reunido para eleger um novo pontífice, deixando ao fiel Carmerlengo (Ewan McGregor) a conturbada missão de gerir os preclitantes acontecimentos.
Com a ajuda da cientista Vittoria Vetra (Ayelet Zurer), Robert seguirá o rasto dos Illuminati, uma antiga sociedade secreta (ostracizada pela Igreja), descobrindo nos múltiplos monumentos da bela Roma, significados que se pensavam perdidos para sempre. Porém, a ameaça será bem mais real do que se esperava e em plena Praça São Pedro, um improvável herói se revelará.
Será a fé suficiente para ultrapassar todos os males?
É difícil, para quem teve a oportunidade de ler o livro, desligar-se por completo do enredo criado por 2 dos mais conceituados argumentistas de Hollywood, David Koepp e Akiva Goldsman. Não que a história perca a sua espectacularidade nem tão pouco esse mundo simbólico criado por Dan Brown mas perde-se muito das motivações de várias personagens, especialmente quando a obra as demonstra de forma tão real e clarividente.
Sem dúvida que faltou coragem aos intervenientes para afrontar os preâmbulos da Igreja e questionar o seu virtuosismo. No final, por mais contraditório que possa parecer, estamos, de certa forma, perante uma ode ao Catolicismo quando tudo faria esperar o contrário.
Para aqueles que não conhecem a obra do escritor americano, esqueçam aquilo que escrevi anteriormente! Excluindo a possibilidade de uma outra história (que ficou por contar!), o filme de Ron Howard resulta num interessante thriller de aventuras, obrigando a uma constante análise e reflexão sobre os acontecimentos, na leve esperança de prever o próximo passo.
E se The Da Vinci Code (o filme), era acusado de ser demasiado intelectual e vagaroso, este Angels & Demons denota uma constante preocupação com o aspecto visual e o recurso a um ritmo mais intenso e cativante, bem mais em linha com o cinema do séc. XXI.
Fica o desgosto do filme não ser suficientemente fiel aos controversos contornos da obra literária, o que, sem dúvida, iria contribuir para uma maior contestação por parte dos religiosos mas, também, para uma maior qualidade da obra como um todo!
Em suma, um filme feito para os amantes do cinema e não para os amantes da literatura!
E aqueles que gostam de ambos, ficam-se por onde?