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“Em Fúria (Unhinged)” de Derrick Borte

É impossível negar os calafrios que Russell Crowe e o seu The Man causaram em TODOS os espetadores que tiveram o prazer de assistir ao filme de Derrick Borte.

Com um início altamente auspicioso, o filme entra num registo típico dos slasher films – i.e. eu, aqui sentado, nunca tinha feito aquilo que a protagonista está a fazer – até voltar a envolver os espetadores com um brutal remate final!

O denominador comum é, naturalmente, o desempenho do ator australiano. E não será coincidência que o início e o fim, momentos em que tem maior tempo de antena, são os que melhor resultado apresentam. Num registo bem longe dos tempos áureos de herói romano ou brilhante matemático, Crowe tem um dos grandes papelões do ano, ao ponto de conseguir alcançar uma empatia inexplicável com o público… se tivermos em consideração que a sua personagem não é mais do que um louco com um “martelo na mão”!

Caren Pistorius, faz os possíveis no papel de donzela indefesa. E nesse capítulo o argumento de Carl Ellsworth tem o cuidado de equilibrar a balança, demonstrando que um azar qualquer um pode ter. A diferença é o que fazer com esse azar… e em que medida. E esse é, para lá do protagonista, o maior trunfo deste filme.

Em resumo, Rachel (Pistorius) não está a ter um dia fácil, até que lhe surge num cruzamento um “idiota” que não reage ao sinal verde, nem a uma boa buzinadela. O que se segue é uma perseguição tanto física, como psicológica, entre um maníaco a ter um dia diabólico e uma jovem mãe solteira que não faz a mínima ideia do que lhe espera.

A primeira imagem que fica do filme é que, tal como Rachel, também nós não estávamos propriamente preparados para The Man. Violento, visual e extremo, o filme tem tanto de real, quanto de hiperbólico, mas, de uma forma ou de outra, o friozinho no estômago é permanente.

Desconfortável, doloroso e, a momentos, doentio, é cinema do bom, mas por vezes indigesto.
Não fossem algumas soluções demasiado clichés e estaríamos perante um fantástico exemplo do género.

Assim, fica o precioso desempenho de Crowe, aquele incómodo na barriga ao longo de todo o filme e a eterna questão, e se fosse comigo?!?!?

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