“Watchmen – Os Guardiões” de Zack Snyder

A primeira dificuldade (e, obrigatoriamente, a principal) passa por conseguir definir aquilo que vi.

O problema é que Watchmen é diferente de tudo a que assisti até hoje! Senão vejamos:
– está muito longe de ser um filme de super-heróis (Spider-Man, Fantastic 4, etc.);
– apesar da origem comum, parece-se muito pouco com outras adaptações de novelas gráficas (Sin City, 300);
– o seu tom auto-crítico e sombrio esconde uma mensagem sublime no que diz respeito às relações humanas;
– o seu ÚNICO super-herói, Dr. Manhattan é uma figura enigmática, introspectiva e … anda a maior parte do filme integralmente nu!

Watchmen é realmente um Mundo à parte. Ironia da situação (ou talvez não!) ele coloca-se numa década de 80 bastante distinta da que vivemos. Nixon é ainda Presidente dos EUA (num 3ª mandato), os “super-heróis” são seres comuns que habitam o mesmo espaço que o comum dos mortais e a guerra nuclear é uma preocupação constante para todos.

É, então, perante este cenário invulgar que nos encontramos no início desta aventura. A periclitante instabilidade internacional atinge níveis preocupantes, ao mesmo tempo que um controverso super-herói, The Comedian, é assassinado no seu apartamento. Esta nova ameaça leva Rorschach a iniciar uma investigação por conta própria, tentando apurar a verdade dos factos. Enquanto que novos acontecimentos vão apresentando uma realidade bem mais assustadora do que o previsto, flash-backs vão-nos revelando um pouco de cada personagem e o seu percurso até se tornarem em ex-super-heróis!

Tal como referido na antevisão, o filme optou por um elenco com caras não muito conhecidos e, consequentemente, expostas, preservando, dessa forma, a autenticidade das personagens e facilitando a sua difícil aceitação!
E o filme é isso mesmo! Depois de aceitarmos aquele Mundo como “possível”,a história assume uma magia superior, tornando-se num dos mais completos filmes “de super-heróis” que tenho memória!
O problema é que não será assim tão fácil quebrar o gelo!

Alan Moore (o criador) é de facto uma pessoa à parte e Zack Snyder (o realizador) já ultrapassou o estatuto de visionário! Watchmen é um mito, uma lenda que teve a coragem de ser transposta para a 7ª arte, mas mantendo intactos (como não conheço os comics será sempre uma afirmação de retórica) os seus atributos fundamentais!

Sem dúvida um filme adulto que mudará irremediavelmente a nossa visão dos super-heróis.
A partir de hoje a perfeição será um mito, uma lenda que apenas a muito custo será aceite no cinema de aventuras!

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