“Coco Avant Chanel” de Anne Fontaine

“Coco” Chanel será, por ventura, o nome mais reconhecido da alta-costura francesa e uma das personalidades que mais contribuiu para o que hoje entendemos por “moda”! Como ela própria afirmava “Je ne fais pas la mode, je suis la mode” !

Porém, antes de se tornar nesse ícone da moda, reconhecido em todo o Mundo, Gabrielle Bonheur Chanel era uma menina de origens humildes que teve de subir a pulso para alcançar os seus ideais de vida! É essa a história que nos conta Anne Fontaine…

Desenganem-se aqueles que esperavam um imenso desfile de moda durante o filme. Trata-se, sim, de uma visão intimista, e até psicológica, dos condicionalismos que formaram o carácter de Coco.
Como em qualquer biopic pressente-se a dramatização dos factos, mas que isso não seja interpretado como uma adulteração das emoções vividas, significa apenas, que tudo está mais “belo”!

Inícios do século XX. Após uma infância difícil, num orfanato católico, encontramos Gabrielle (Audrey Tautou) e a sua irmã Adrienne (Marie Gillain), como jovens “artistas” de um cabaret da província. Lá ela conhece Étienne Balsan (Benoît Poelvoorde), um bon-vivant parisiense, dono de enorme fortuna e imensas propriedades que a “adopta” como sua amante.
É na companhia dele que ela irá estabelecer um intimo contacto com a classe alta da sociedade parisiense. No entanto, desenquadrada com os seus hábitos e sobretudo com os seus falsos moralismos, Coco cedo se destacará dos demais pela sua irreverência, ousadia e visão muito próprias.
Através do vestuário (sobretudo, dos chapéus) ela encontrará a melhor forma de se exprimir…

Peso embora o ritmo vagaroso com que a acção se desenrola (fortemente marcado pela sublime banda-sonora de Alexandre Desplat), o filme confirma todas as qualidades da recente (re)afirmação do cinema francês, mantendo o espectador intensamente interessado em conhecer e (tentar) compreender o génio por detrás de uma das mais famosas Casas da alta costura do Mundo.
Infelizmente a diversidade e complexidade da sua existência, obriga-nos a observar apenas as suas primeiras experiências de vida (tanto a nível pessoal, como a nível profissional!).

Fica claro que muito ficou por contar…
Talvez isso justifique o porquê de existirem tantos projectos relacionados com a sua vida em curso (nomeadamente, séries de TV, vários filmes, etc.).

Nota final e de maior louvor para o desempenho de Andrey Tauton. Depois de Amélie Poulain, a actriz francesa tem vindo a pontuar a sua carreira com alguns desempenhos seguríssimos, voltando a surpreender com a fragilidade e firmeza com que encarna uma das facetas mais desconhecidas da famosa estilista.

Sente-se que a cada momento Coco pode explodir ou implodir com a mesma naturalidade e autenticidade.
Très Bien!

Mais uma vez o cinema francês está de parabéns!
É desta vez que me convencem a ver La vie en rose (o filme que em 2007 valeu a Marion Cotillard o Oscar de Melhor Actriz).

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