“A Pele Onde Eu Vivo (La Piel que Habito)” de Pedro Almodóvar

Durante alguns anos Almodóvar era apenas o nome de um cineasta espanhol reconhecido internacionalmente e altamente apreciado especialmente na Europa.
Ainda assim apenas Habla con Ella marca o 1º filme que me despertou realmente o interesse (especialmente depois do Oscar de Melhor Argumento Original). Não o vi… ainda!

Depois disso seguiu-se Los abrazos rotos o filme altamente agraciado pela crítica mas que revelou-se meramente bom. Uma obra interessante mas modesta, bem interpretada mas comedida, com um argumento invulgar mas próximo demais daquilo que se vai vendo por esse mundo fora!

La Piel que Habito é outro campeonato!
Almodóvar retorna às questões sexuais que percorrem grande parte da sua obra, num filme desconfortável que se vai revelando pouco a pouco.

Encontramos Vera (Elena Anaya), uma debilitada jovem incompreensivelmente enclausurada numa mansão rural nos arredores de Toledo e Robert Ledgard (Antonio Banderas), um cirurgião plástico com um passado doloroso.
Entre vítima e abusador estabelece-se uma improvável relação que se irá desmontar à medida que ficamos a conhecer o seu passado…

Apesar da sua longa carreira e dos meios que tem ao seu dispor, a obra de Almodóvar mantém constante um certo ar artesanal e de improviso que lhe confere um encanto distinto. Mesmo perante temáticas tão controversas e ingratas como aquelas abordadas neste filme, esta característica “amadora” torna esta história demasiado natural… e próxima.

É com evidente desconforto que deixamos a sala de cinema. Convencidos pela arte e pelo talento de um realizador que não olha a limites mas demasiado presos a uma história que não pode ser descrita… tem de ser visualizada!

Ganhem-se de coragem e arrisquem-se até uma sala escura para ver (d)o melhor do cinema de nuestro hermanos. Mas convém irem de sobreaviso, pois não se trata de um filme… fácil.

Porém, goste-se ou não, é impossível ficar-lhe indiferente!

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