“Um Grande Salto (A Long Way Down)” de Pascal Chaumeil

Já me debati várias vezes com a ideia de que as antestreias por convite/passatempo teriam os dias contados. Não conheço assim tantos países onde fenómeno semelhante ocorra, sendo, por outro lado, bem mais comum a existência de premieres (para VIP’s) ou sessões especiais (a pagar)…
…e depois deparo-me com filmes como este A Long Way Down!

Filme de relativo sucesso em terras de Sua Majestade, onde estreou há mais de um ano, a obra do francês Pascal Chaumeil tardou mas acabou por chegar ao nosso país, sem direito a antestreia.
Coincidência, ou talvez não, éramos os únicos pagantes na sala, na matiné de sábado, no fim-de-semana de estreia.

Pese embora o nome dos demais envolvidos, a primeira referência vai para Nick Hornby, autor do romance em que é baseado o argumento do filme. O escritor inglês é, nem mais nem menos, do que o responsável pelas consagradas obras (adaptadas ao cinema no início do século) High Fidelity e About a Boy, e o argumentista de An Education e Wild. Fantástico cartão de visita.

Desta vez a incursão é pela comédia negra. Suicídio, a força dos media, os erros irreparáveis, relações familiares complexas, o alto de um reconhecido edifício. Quatro indivíduos amplamente heterogéneos são o foco central de uma comédia que aborda de forma perspicaz temas desconfortáveis e melindrosos.

Os veteranos Pierce Brosnan e Toni Collette e os mais jovens Imogen Poots e Aaron Paul formam o quarteto de protagonistas. Quatro estranhos que por razões totalmente distintas acabam por se encontrar na hora mais difícil das suas vidas. Antes dessa infame noite de passagem de ano, Martin, Maureen, Jess e JJ nunca se tinha cruzado mas acabam por o fazer no preciso momento em que se aprontam para cometer suicídio.
Após essa traumática experiência, os 4 irão formar um pacto tão improvável como necessário.

O filme acaba por nunca atingir o nível expectável, dado o nome e talento dos envolvidos. A história (nomeadamente o romance que lhe deu origem) parece deveras promissora mas fica a ideia que ficamo-nos por um competente resumo do que haveria para contar.

De qualquer forma, uma boa comédia negra, recheada de cinismo, sarcasmo e algum sadismo. Mas a verdade é que acabamos mesmo por rir de assuntos sérios, por esperar o inesperado, por perceber um pouco mais sobre uma patologia amplamente complexa.

Foi bom!
Acredito, sinceramente, que com a devida antestreia promoção, teria tido outro mais público!!

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