“O Estagiário (The Intern)” de Nancy Meyers
Depois de largos anos a fazer papéis mais sérios e físicos, Robert De Niro encontrou com a ternura da idade, o seu lado mais doce e humorado que lhe tem valido os mais variados elogios e projetos.
O início do novo milénio e os certeiros Analyze This e Meet the Parents, foram o ponto de partida para o rejuvenescimento (da carreira) de uma das mais lendárias figuras da 7ª arte.
Agora aos 72(!) anos, o ator nova-iorquino encontra uma das mais talentosas e profícuas atrizes da sua geração, Anne Hathaway – 40 anos mais nova – para uma espirituosa mas sincera comédia da vida atual.
E não seria de esperar outra coisa, não fosse escrita e realizada por Nancy Meyers, ela que acumulou essas mesmas responsabilidades em filmes como It’s Complicated, The Holiday ou Something’s Gotta Give, Belo cartão de visita.
Uma jovem de muito sucesso. Um viúvo com muito tempo livre e muita vontade de contribuir. Uma sociedade contemporânea que enfatiza o trabalho em detrimento de tudo o mais. Os dados estão lançados.
Ben Whittaker (De Niro) está cansado da reforma. Viúvo e com os seus netos longe, Ben decide, então, candidatar-se ao cargo de estagiário numa start up do mundo da moda. A empresa é gerida por Jules Ostin (Hathaway), fundadora e workaholic compulsiva, que tenta conciliar a vida familiar com todos, sim TODOS, os detalhes da sua loja de roupa online.
Desse intercâmbio de gerações e experiências nasce algo inesperado e resoluto.
O assunto é sério, não se deixem enganar, porém a naturalidade e precisão com que a história e as personagens evoluem, assim como a boa disposição que transmitem, acabam por aliviar o ambiente e revelar uma comédia (bem) mais ligeira. Tal como na vida, temos momentos mais tensos e outros mais descontraídos, momentos mais preponderantes e fait-divers inconsequentes. Mas tudo com elevado bom gosto e coerência.
Nancy Meyers, De Niro e Hathaway podem-se orgulhar de mais um projeto bem conseguido. Não faz rir à gargalhada, nem deprime de sobremaneira, nem educa por ai além, no entanto, The Intern é um daqueles filmes recomendado a todos os espetadores – dos 8 ao 80 ano – que procuram cinema (ligeiro) bem intencionado e competente.
O único senão será mesmo o estereótipo (norte-americano??) relacionado com as mulheres que têm carreiras profissionais mais exigentes do que as dos seus maridos. Para além de caricatural, achei-o, neste caso, desnecessário. Porém, abordar em maior detalhe essa questão seria levantar um pouco em demasia o véu sobre a história deste filme…