“Bumblebee” de Travis Knight
Small is beautiful.
A máxima de E.F. Schumacher que diz muito a economistas e gestores, raramente é seguida na 7ª arte – e em especial no cinema de entretenimento – onde o espírito do “quanto mais melhor” prevalece.
No entanto, depois de 5 filmes e uma desconfortável tragetória descendente, tanto em termos de qualidade como de recetividade, chegou o momento de seguir um novo rumo, centrar atenções numa história mais modesta e concisa e entregar o leme a outra pessoa.
E, assim, Michael Bay, realizador dos 5 filmes anteriores, acabou por ceder a cadeira a Travis Knight, e Optimus Prime o protagonismo a Bumblebee.
Os mais novos podem não ter tão presente mas o primeiro Transformers era, de facto, um grande filme de entretenimento que vivia tanto da química entre Shia LaBeouf e Megan Fox, como do tom jovial e irreverente imprimido pelo (Chevrolet) Camaro amarelo. Se a jovem dupla de atores já teve melhores dias, o Transformers amarelo nunca pareceu tão refrescante e aconchegante.
Bumblebee assume a imagem de um delicioso carocha amarelo e, recém-chegado ao nosso planeta, adota uma postura de cachorro abandonado. Para o acolher, surge Charlie (Hailee Steinfeld), um miúda introvertida mas irreverente que, prestes a completar 18 anos de idade, sonha pela sua independência e por um carro. “Cuidado com o que desejas” é, na prática, o moral da história!
Mesmo que a momentos parece haver uma preocupação em recuperar a eterna guerra entre Autobots e Decepticons, a verdadeira história do filme é sobre a dificuldade em um adolescente se adaptar a um ambiente amplamente hostil e estranho. E depois, há, também, a história de Bumblebee.
Sim, a analogia entre a situação de Charlie e de Bumblebee não é meramante subtil. Aliás, aquilo que os une, para lá da curiosidade mútua, é a perceção (que ambos têm) das suas semelhanças, bem mais do que das suas diferenças.
Para lá do espetáculo visual, dos tiros e dos robots humanoides, há um filme profundamente humano, nostálgico e simpático. Os anos 80 continuam na moda e o público agradece. Há uma indecifrável sensação de conforto e familiaridade que agarra o espetador e o prende,
Bem… e que dizer do 4DX?!? O IMAX (com ou sem 3D) tem as suas qualidades, nomeadamente a capacidade de envolver e quase hipnotizar o espetador. Mas o 4DX é algo à frente! Não é só um filme. É todo um parque de diversões tridimensional quadrimensional que nos deixa sem ar, presos à cadeira (ou, aos saltos nesta!) e totalmente radiantes. A dada altura podemos, até, esquecermo-nos que estamos numa sala de cinema mas o beneficio é sempre maior do que o custo.
É uma pena que Michael Bay tenha sobrecarregado as salas de cinema e a nossa imaginação durante uma década, com a sua visão dos heróis da Hasbro, ao invés de permitir esta prequela/spin-off há mais tempo. Seguramente, o filme teria tido outra aceitação e outra frescura.
Foi realmente simpático e divertido. Bem melhor do que os últimos 3 ou 4 filmes da saga!

Nota: O pacote grande de pipocas (doces) tem como pressuposto a versão 4DX 3D a que assistimos.