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“A Forma da Água (The Shape of Water)” de Guillermo del Toro

E no fundo, no fundo, não é muito mais do que uma simples história de Amor.

Existem duas formas ligeiramente diferentes de ver este The Shape of Water. Pelos olhos dos habituais apreciadores do peculiar universo cinematográfico do realizador mexicano e que vão identificando ao longo de todo o filme os seus traços únicos. E, pelos olhos do normal espetador que seguramente terá de estranhar esta forma da Água, antes de a entranhar.

Guillermo del Toro contava já com uma nomeação aos Oscars pelo bizarro e inspirador argumento original de El Laberinto del Fauno – filme que em 2007 encantou os espetadores mais destemidos e conquistou 3 estatuetas douradas – antes de se tornar no cineasta do momento, graças a este filme.

Entre o cinema mais fantástico e o mais comercial, del Toro prosseguiu, na última década, com uma carreira recheada de géneros, díspares resultados de bilheteira e a constante presença de um estilo desafiador e inspirador.

Mas tudo parece confluir para The Shape of Water. Um filme que combina o preceito fundamental da obra do mexicano, o fantástico, com romance, espionagem, ciência, História, discriminação e esperança. No fundo uma história como qualquer outra, protagonizada por uma muda (com um passado incógnito) e um homem-peixe (com um futuro incerto).

Elisa (Sally Hawkins) e Zelda (Octavia Spencer) ocupam-se da limpeza de um ultra secreto laboratório de investigação norte-americano, num monótono mas confortável quotidiano que lhes permite conciliar o seu dia-a-dia diurno com o seu trabalho noturno. Até que a chegada de um espécime assustador e… de um homem-peixe, irá revolucionar a sua existência. Sim, o novo responsável de segurança do laboratório, Richard Strickland (Michael Shannon), é bem mais aterrador do que o “item“. Mas isso é apenas a ponta do iceberg.

Para além do trio, temos ainda de considerar o Richard Jenkins (nomeado ao Oscar de Melhor Ator Secundário), o habitual colaborador de del Toro, Doug Jones e, o mais profícuo ator do ano Michael Stuhlbarg (ver link). Para todo o elenco, apenas elogios.

Não é só a fábula do homem-peixe e da muda, é a intocável relação emocional entre eles, é o toque de espionagem, de homofobia, de racismo, de paranóia, de heist film, de policial, de fantasia.
O princípio e o fim parece mais ou menos expectaveis mas tudo o que os medeia é realmente de uma riqueza, de uma criatividade e de deslumbramento raríssimo. E tudo encaixa na perfeição.

Del Toro merece o reconhecimento que tem alcançado. Não é só a persistência de transmitir vezes sem conta o seu fascínio pelo fantástico e pelo diferente é, sobretudo, a forma romântica e nostálgica como conseguiu trazer o “seu” mundo para os olhos de qualquer espetador.

Não sei se ainda é necessária alguma coragem para se deixarem encantar pela singular visão de um cineasta realmente único. Se for o caso, podemos garantir que não se arrependerão!

Muito bom!

  

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