“Elizabeth: The Golden Age” de Shekhar Kapur
Ao contrário da grande maioria das sequelas (estratégia recorrente do cinema de acção e entretenimento) este Elizabeth consegue ser indubitavelmente melhor em todos os aspectos que o seu predecessor.
Percebe-se facilmente que o objectivo do filme não se resume a fazer mais dinheiro com a mesma ideia (aliás, duvido que estes filmes de Shekhar Kapur sejam assim tão rentáveis), aqui o interesse passa sim, por contar a História de uma das mais admiráveis monarcas de todos os tempos.
São várias as vantagens deste filme relativamente ao seu predecessor de 1998.
Começando pela protagonista. Há 10 anos atrás Blanchett era praticamente uma desconhecida com relativa pouca experiência no mundo do cinema. Hoje em dia, para além das dezenas de filmes em que participou (ver Antevisão), do Oscar que ganhou e do prestígio que alcançou, Blanchett é efectivamente melhor actriz, mais segura, mais real.
Segundo aspecto, deve-se à “troca” de Joseph Fiennes por Clive Owen. O papel do descobridor, aventureiro e charmoso Sir Walter Raleigh parece cair que nem uma luva ao actor inglês. Aliás, mesmo perante a grandeza de Elizabeth, por vezes é “permitido” a Owen ofuscar a sua presença.
Por fim, por ventura o aspecto mais preponderante, a grande diferença neste filme é a ousadia em alargar horizontes. Se até meio do filme podemos observar as contínuas guerrilhas palacianas em redor do trono inglês, seja elas pela pretensão de Mary Stuart (Samantha Morton) à sucessão, seja pelas pretensões dos mais diferentes monarcas europeus em desposar a Rainha Virgem, a última meia-hora ganha uma dimensão diferente ao apresentar a famosa batalha das “tropas” inglesas face à Armada Invencível espanhola. Fora das paredes do castelo, Elizabeth/Blancehett ganha uma dimensão humana e uma fragilidade que ajudam a aproximar o filme e as personagens dos espectadores.
Já aqui o referir que muito provavelmente Cate Blanchett merecerá com este seu desempenho mais uma nomeação aos Oscars (excluindo, claro, o problema da dupla nomeação devido a I’m Not There), mas será também importante não esquecer os prémios de Guarda-Roupa, Direcção Artística, Banda Sonora e Caracterização (categoria, aliás, que venceu em 1998).
Não será uma obra de “encher o olho” especialmente num mundo actual em que o ritmo, a acção e o drama exigem outros pergaminhos porém, não deixa de ser um filme interessante a diferentes níveis.