“Frost/Nixon” de Ron Howard

Muito já foi dito na antevisão.
Frost/Nixon é indubitavelmente um bom filme, com desempenhos extraordinários e um argumento que nos prende até ao fim.
Mas não deixa de ser um pouco previsível (ou não fosse ele baseado em factos verídicos e bem conhecidos da maioria), ligeiramente monótono e sem grande chama.

Ron Howard “pega” no argumento de Peter Morgan e transforma-o numa obra facilmente elegível para os prémios dos Melhores do Ano. Sem falhas mas também sem arriscar muito, o filme segue o seu percurso de forma linear e coerente, tirando o máximo partido dos seus intervenientes.

Frank Langella encarna por completo a personagem de Richard Nixon. Nos seus tiques, nos seus maneirismo, na sua voz e na sua postura. Mesmo perante as evidentes diferenças no aspecto físico, o antigo Presidente dos EUA (que resignou ao cargo após o escândalo do Watergate) parece realmente voltar àquela pequena sala onde David Frost (razoávelmente bom Michael Sheen) o coloca entre a espada e a parede.

A batalha entre os 2 (foi exactamente disso que se tratou) prolonga-se durante praticamente todo o filme, iniciando-se no momento em que o apresentador de talk shows tem a brilhante ideia de entrevistar o ex-presidente e culmina com a divisão dos despojos de guerra entre os 2 cavalheiros!
Durante todo este tempo, os 2 (e as suas equipas, deva-se dizer) esgrimem argumentos, intimidações e elogios, ao mesmo tempo que revelam um pouco de si próprios.

Para além dos protagonistas parece-me justo destacar o desempenho dos secundários: Rockwell, Bacon, Platt, Macfadyen e Rebecca Hall, principalmente por nos ajudarem a sair daquela sala onde o “combate” se desenrola.

Fica no ar a ideia de que com um pouco mais de coragem, o filme poderia muito bem deixar uma marca bem mais profunda na 7ª arte, em linha com o que se sucedeu com a sua carreira nos palcos.
Sintomaticamente, apesar das suas 5 nomeações aos Oscars, o filme encontra-se em exibição numa das salas mais pequenas dos cinemas UCI Arrábida, registando, em plena noite de 6ª feira, uma audiência meramente razoável!

Seria difícil não elegê-lo como um dos melhores do Ano…
Na mesma medida que será difícil chegar a #1 nessa lista!

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Os verdadeiros: