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“Hotel Mumbai” de Anthony Maras

Em boa verdade é necessário ser um bocadinho masoquista…

É assumida a nossa admiração por filmes baseados em factos verídicos, independentemente do género, antiguidade ou relevância Histórica.

Por norma não falta imaginação aos argumentistas mas a noção de que o que estamos a ver na tela realmente aconteceu, transmite uma outra intensidade a cada história, a cada diálogo, a cada personagem.

Mais ainda quando o assunto – ou o evento! – é tão sério quanto este. Parece incrível que os atentados de Mumbai pareçam apenas uma história de um mundo distante. É verdade que a distância – mais cultural do que geográfica – atenua o impacto dos acontecimentos mas, ainda assim, na era da informação instantânea pouco ou nada sabíamos do ocorrido.

Voltando ao masoquismo. Hotel Mumbai é, durante a maior parte do tempo, assumidamente doloroso de se ver. O que, em boa verdade, atesta a qualidade do trabalho desenvolvido pelo realizador australiano Anthony Maras. Estamos quase lá, na fila da frente, sem grande expetativa ou noção do que se seguirá.

Primeira nota para a assertividade do realizador. Em momento algum, se perde tempo em grandes considerações filosóficas ou teológicas. O filme começa com a chegada dos terroristas a Mumbai e termina com o desenlace no Hotel Taj. Durante 2 horas somos espetadores atentos e rendidos aos acontecimentos e aos envolvidos e à forma como a história é contada. E no final, mais do que procurar respostas, assumimos o inevitável.

Dev Patel, Armie Hammer, Nazanin Boniadi e Anupam Kher garantem que a intensidade e autenticidade do filme permanece em níveis irrepreensíveis, porque no fundo, no fundo, Hotel Mumbai é uma história de pessoas. As que perpetuaram o(s) ataque(s) terrorista(s) e as suas vítimas. Sem raça, credo, género ou religião. Vítimas que têm a sua história mas que, mais do que isso, representam milhares de outras por esse mundo fora…

É um retrato cru e fiel (pelo menos em termos humanos) que transporta o espetador bem para o centro da ação, sem qualquer agenda, preconceito ou segundas intençoes… que não a de fazer bom cinema!

É preciso (alguma) coragem. Mas vale bem a pena.

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