“Milk” de Gus Van Sant
Gus Van Sant que me perdoe mas o filme pertence por completo a Sean Penn!
Senhor de uma carreira errática até ao magnífico desempenho em Dead Man Walking (1ª nomeação aos Oscars), Sean Penn voltou a “explodir” no início do séc. XXI com I Am Sam. De lá para cá não mais deixou as luzes da ribalta, tendo inclusive conquistado o seu 1º Oscar por Mystic River, obra maior do grande Clint Eastwood.
Sem Penn, Milk corria o risco de se transformar numa obra incompreendida, ignorada, rejeitada. Com ele, Harvey Milk ganha uma humanidade, uma proximidade, uma afinidade impressionante, transformando-nos a todos em parte do movimento que teve origem na Castro Street em San Francisco.
Podemos até nem aceitar todas as suas convicções, ideologias ou comportamentos, no entanto, não podemos deixar de sentir uma forte empatia por alguém que lutou por esses mesmos ideais, pela sua (e dos outros) liberdade e pelo direito de afirmação de um grupo minoritário, fortemente prejudicado/atacado por um preconceito exacerbado.
E se mais de 30 anos depois a homossexualidade permanece um assunto tabu e fortemente rejeitado por muitas culturas, sociedades e comunidades, é fácil de imaginar a coragem, audácia e loucura necessárias para enfrentar e conquistar multidões naquela altura!
Harvey Milk (Penn) era já uma pessoa fora do comum antes de se tornar no 1º homossexual assumido, a exercer um cargo político (nos EUA) – mais não seja pelas contínuas derrotas em eleições locais. O seu estilo, as suas convicções, a sua perseverança tornaram-no num exemplo não só para os homossexuais mas para muitas outras minorias.
Porém, essa sua maneira de ser não agradava a todos, inclusive parceiros e concorrentes políticos que viam no seu estilo uma ameaça a alguns dos seus princípios mais elementares. De entre eles destacava-se o conservador Dan White (Josh Brolin), personalidade com uma importância decisiva na carreira e vida de Milk – interpretação de qualidade para um Brolin, também ele nomeado aos Oscars.
Finalmente, realce para James Franco (a eterna promessa de Hollywood que demora em confirmar estatuto de estrela), no papel de Scott Smith, parceiro de Milk, num registo difícil mas extremamente seguro e contido.
Controverso, emotivo, inocente, audacioso, preciso, corajoso e motivador serão alguns dos atributos comuns à vida de Harvey Milk e à obra de Gus Van Sant.
Apesar das óbvias dificuldades em se tornar numa obra consensual, Milk alcançou inúmeras nomeações aos Oscars (8), podendo muito bem valer a Sean Penn a sua 2ª estatueta (faltará apenas The Wrestler e Mickey Rourke para o confirmar!).
Larguem-se de preconceitos e confirmem por vocês um dos bons filmes desta temporada dos Oscars. Demora a arrancar mas o final é de facto fantástico!
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Trailer
Senhoras e Senhores: Harvey Milk!