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“Inimigos Públicos (Public Enemies)” de Michael Mann


Ora aí está o grande filme deste Verão!

Independentemente da sua maior apetência para blockbuster ou para filme “de culto”, é inquestionável a sua ambição em se tornar na grande referência deste (Ano) Verão.

Logo à partida eram vários os atributos que se conjugavam para tornar o filme num clássico instantâneo. Em primeiro lugar a história verídica que lhe serviu de base e que encantou multidões nos conturbados mas novelesco anos 30.
Em seguida, o realizador responsável pela sua adaptação à 7ª arte, Michael Mann, autor, entre outros, de Heat, Collateral e Miami Vice, 3 exemplos elementares do que do melhor se fez nos últimos anos em termos de filmes de acção e de confronto moral entre bons e maus, polícias e bandidos, certo e errado!
Quanto ao elenco penso que pouco há a acrescentar ao que já foi dito na antevisão ao filme – Depp vs. Bale, com complemento de Cotillard!
E finalmente, por que não, os magníficos acordes que acompanham o trailer e alguns das principais cenas do filme, captando de forma expressiva a sua verdadeira essência.

Passemos então ao concreto.
Deslumbrante a recriação de época encetada por Mann, talvez sem o rigor e exactidão de obras com outros contornos (por exemplo Changeling) mas com o cuidado e adequação necessários para nos fazer crer naquelas personagens e naqueles locais.
O trabalho de câmara de Mann (talvez a sua principal marca), conjugando o tradicional posicionamento da mesma com um movimento e proximidade constantes, aproximando -nos ainda mais da acção e dos protagonistas, é de facto um trunfo inqualificável na obra do realizador norte-americano.

O principal handcap do filme será provavelmente a História!
Apesar de alguns atropelos à realidade (nomeadamente a ordem das mortes) de forma a garantir um argumento atractivo e em crescendo, será falacioso não reconhecer que, perto do final, o filme perde muito do seu ritmo e suspense resultado da própria veracidade dos factos! Não seria possível a John Dilinger ter agido de forma mais cinematográfica?!?!

75 anos passaram desde os acontecimentos relatos e muito embora consigamos visualizar a acção (graças à, já mencionada, fascinante recriação de época), é-nos mais difícil compreender a psicologia dos seus intervenientes. Habituados a um novo conceito de crime e repreensão, tanto na vida real como (sobretudo) no cinema, damos por nós a julgar algumas das decisões tomadas e a considera-las inverosímeis (pelo menos dentro dos padrões actuais!).

Dito isto, que o filme nos sirva também para fazer compreender a evolução registada ao nível do crime e dos seus agentes. Vistas bem as coisas, este handcap pode ser afinal um enorme trunfo no filme de Michael Mann!

Depois das nomeações aos Prémios da Academia por The Insider (com um irreconhecível Russell Crowe), Mann pode muito bem ver o seu trabalho uma vez mais reconhecido, quem sabe até com outros frutos.
A concorrência apenas agora se prepara para lançar os seus principais trunfos no mercado mas, muito embora sair na frente seja um mau prenúncio nestas coisas dos Oscars, a verdade é que Crash também estreou em pleno Verão!

Pode não ter o apelo juvenil de The Dark Knight mas arrisco-me a dizer que está encontrado o seu legítimo substituto para este Verão, no que diz respeito ao cinema de acção e aventura com carimbo de qualidade extra!

John Dilinger sempre foi um homem de sucesso, ainda que pelas más razões!
Este ano, graças a Depp, Mann e, porque não, a Bale e Cottilard, arrisca a tornar-se num mito e … cinematograficamente falando, ok!?!

Clássico?… o tempo o dirá!

Site Oficial
Trailer
Trailer 2

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