“Os Miúdos Estão Bem (The Kids are All Right)” de Lisa Cholodenko
Comecemos pelo título original, não deveria ser Alright? Ou estarão/serão os miúdos todos direitos (straight)? Fica a nota…
Numa altura em que a homossexualidade começa a deixar de ser um tema tabu no cinema, tenta-se partir ainda mais pedra ao assumir sem receios a educação de dois jovens por um casal de lésbicas.
Porém, curiosamente a natureza humana segue temerariamente o seu rumo e os miúdos não conseguirão conter a sua curiosidade e a necessidade em confrontar-se com a outra face da moeda.
Até onde poderá uma família diferente seguir a sua normalidade, é esse o grande desafio que nos lança a obra de Lisa Cholodenko. Também ela homossexual assumida e mãe (biológica) de uma criança, o filme incorpora forçosamente alguma dose auto-biográfica que se sente nas minuciosidades do dia-a-dia, dos dilemas existenciais das protagonistas e nos traumas que atravessam uma família (disfuncional?).
Prestes a perder a companhia diária da sua irmã (Mia Wasikowska) que se prepara para partir para a Faculdade, Laser (Josh Hutcherson) força-a a finalmente procurar o dador de esperma (Mark Ruffalo) responsável pela gestação de ambos.
No entanto, a intromissão de um agente estranho no seio desta família irá provocar os seus dados e testar, como nunca, a relação entre Nic (Annette Bening ) e Jules (Julianne Moore).
O maior elogio que se pode fazer a uma relação (independentemente do(s) género(s) envolvidos) é que os seus problemas e as suas alegrias pareçam tão naturais e tão injustificáveis como a de qualquer um de nós!
Estará longe de ser um filme fácil, fruto do imenso preconceito que ainda prolifera em sociedades ditas modernas, ainda assim não deixa de ser um honesto manifesto em prol de uma “causa” que pouco a pouco tem vindo a imbuir-se naturalmente na nosso quotidiano.
Bem… há gostos para tudo, certo!?!