“Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro” de José Padilha

Precisamente 2 anos depois voltamos a contar com a visão apaixonada vinda do outro lado do Oceano. Resta-nos esperar que, desta vez, o laço não se perca durante tanto tempo! A começar o melhor dos melhores:

O improvável aconteceu!

Dificilmente uma seqüência consegue superar o primeiro filme, mas o enredo de Tropa de Elite 2 – O inimigo agora é outro supera todas as expectativas, tanto na atuação dos atores quanto na produção e direção.

Provocador e perturbador, o diretor José Padilha apresenta um sistema sombrio e incrivelmente real. Aliás, esta é a própria dubiedade deste Tropa de Elite 2, o filme é muito real para ser fictício e muito fictício para ser real. A começar pela complexidade de saber qual dos lados está os vilões, ou melhor, se há mocinhos nessa história.

Ninguém escapa ileso ao sistema apresentado por Padilha, uma máquina invisível que compra e corrompe a tudo e a todos. Nesta seara desconcertante há policiais corruptos e mercenários, uma imprensa sensacionalista e irresponsável, que em nome da tal liberdade de expressão, transforma o país num circo e lógico os governantes, que coniventes com o problema, se aproveitam da situação para fazerem campanha eleitoral demagógica e ganhar votos e mais votos, principalmente em ano de eleições.

É interessante ressaltar que a produção desta seqüência conta com praticamente a mesma equipe e o mesmo elenco do primeiro filme, que retoma com afinco e dedicação o desafio de continuar uma saga, e um personagem – o emblemático Capitão Nascimento interpretado com soberba por Wagner Moura – que marcaram o cinema do Brasil para sempre.

Enfim, para um brasileiro, é um filme que suscita sensações antagônicas: ao mesmo tempo em que gera desânimo e instiga um sentimento de revolta, também desperta a vontade de mudança. Talvez resida aí a grande contribuição da obra, na difícil tarefa de romper com a apatia que assola boa parte do nosso contingente para um problema crônico que insiste em ser ignorado.

Está tudo ali, explícito a todos, só não vê quem não quer…
Quem sabe o improvável não aconteça novamente?

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by Christian Falkembach