“BlacKkKlansman: O Infiltrado” de Spike Lee
É tão inspirador ver que o “velho e bom” Spike Lee está de volta.
Esqueçamos por momentos a sua agenda política e social, assim como a autenticidade da história retratada. E, ainda assim, estaremos perante um grande filme!
Adam Driver e, sobretudo, John David Washington fazem de BlacKkKlansman um dos grandes filmes deste ano. A temporada dos prémios começa agora a compor-se mas um dos seus grandes candidatos já estreou nos nossos cinemas!
Para mais numa América amplamente dividida e em plena convulsão social, a tomada de posição que Lee assume com o filme está longe de ser uma surpresa mas é realmente contundente e, em simultâneo, hilariante e assustadora.
Ron Stallworth estava destinado a grandes feitos. Um dos primeiros polícias negros a tornar-se detective no sul do país, Ron sempre desejou tornar-se num polícia infiltrado. Já a parte de ser aceite como membro do Ku Klux Klan terá sido apenas a cereja no topo do bolo.
Apesar do preconceito global da sociedade norte-americana, seria de esperar que nas forças policiais chavões como o racismo, o chauvinismo e a xenofobia estivessem há muito irradicados, mesmo nos anos 70.
Mas estamos no Colorado, um dos Estados do mítico interior norte-americano – recheado de rednecks, ou pacóvios em bom português – local onde a intolerância e a supremacia ariana está enraizada no solo e no sangue dos que lá nascem e vivem. Ou pelo menos de uma susbstancial parte deles.
Eles só não estariam preparados para o descaramento e astúcia de Ron Stallworth (Washington) e dos seus colegas. Entrar em contacto com a extensão local do KKK foi uma coisa, chegar até ao líder nacional da organização só pode ser uma História inacreditável. Foi isso que Ron fez com estilo, deligência e muito bom humor… e durante mais de 20 anos, os registos dessa operação mantiveram-se arquivados.
Em última análise, BlacKkKlansman é um filme político. Lee deixa-o bem evidente no seu epílogo. Mas é esse o Estado da Nação norte-americana. E é essa a posição da indústria do cinema, ou pelo menos da sua larga maioria.
Para o espetador comum, o filme vale pelos bons desepemhos, pela história, pela lição Histórica, pelo enquadramento temporal, social e cultural, pela realização.
Foi realmente muito bom.
E revelador!