“Dark Waters – Verdade Envenenada” de Todd Haynes
Sem piedade! Assim começamos 2020.
Mark Ruffalo é o cabeça-de-cartaz de um filme que nos revolta por dentro e por fora, nos faz pensar e penar e questionar o ser humano, no seu mais profundo sentido de humanidade ou desumanidade.
Mas é, também, um filme que nos dá esperança, que nos faz acreditar, mesmo quando tudo parece perdido.
Baseado numa inacreditável história verídica, o filme acompanha a vida de Robert Bilott, um respeitável advogado de Cincinnati que construiu uma carreira ao defender as empresas da indústria química e construiu um legado quando levou a julgamento algumas delas, num caso de saúde pública e preservação do meio ambiente.
A meio caminho entre filme de tribunal e de retrato social, Todd Haynes assina uma obra tenebrosa e assustadora, no seu conteúdo. A ritmo lento mas persistente, vamos sendo conduzidos de forma implacável para a verdade. O mais curioso é que sente-se uma tensão quase palpável, típica dos mais vertiginoso filmes de ação.
Mas Dark Waters não chega a ser um thriller psicológico. É, bem mais, o revelar da realidade perniciosa e egoísta que nos rodeia, que condiciona a nossa existência e expõe o mais mesquinho comportamento humano.
E nós assistimos a tudo totalmente incrédulos e exacerbados, ao perceber o Mundo onde vivemos.
Voltando ao nosso protagonista, Ruffalo confirma todo o talento que se lhe é reconhecido – e que parece algo esquecido do grande público, fruto do seu comprometimento com os filmes da Marvel. O ator de You Can Count on Me ou 13 Going 30, assina um dos grandes desempenhos do ano, e leva-nos com ele nesta aventura sem desenlace à vista, com um registo preciso e impactante.
Quanto ao enredo, preferimos não adiantar muito mais. Apenas a certeza que é uma história obrigatória que deve ser vista no cinema… e em todo o lado.
Custe o que custar!