“Up: Altamente” de Pete Docter e Bob Peterson
Depois de carros (Cars), ratos (Ratatouille) e robots (Wall-E), a Pixar volta a apostar nos seres humanos!
E se, hoje em dia, poucas dúvidas houvesse quanto ao destinatário primordial do cinema de animação, penso que ficará de uma vez por todas esclarecido que animação não é, de forma alguma, sinónimo de filmes para crianças!
As cores, as imagens, os desenhos e vozes ternurentas dos protagonistas até podem cativar de forma bem mais célere a atenção dos mais novos porém, o verdadeiro filme, a história que é contada, não é para eles!
Apenas a experiência dos anos que passam, dos sentimentos vividos e dos sonhos perdidos nos aporta os mecanismos necessários para apreciar em pleno, toda a grandeza do filme.
Carl Fredricksen e o jovem Russell têm, em si, um bocadinho de cada um de nós! Os planos e os desgostos de Carl, a inocência e a alegria de Russell; a experiência e a sagacidade de Carl, a disposição e a persistência de Russell; a resmunguice e determinação de Carl, a irreverência e inconsequência de Russell e, finalmente, a ternura de ambos, fará, no mínimo, corar e sorrir até o mais inóspito humano!
Tal como a casa voa durante grande parte do filme, também o tempo se vai num ápice. O rebuliço de emoções e reacções faz com que nem dêmos pelo passar das horas (mais precisamente 1h30) … como que levados por um qualquer balão.
Assuntos sérios e bem pesados são combinados com temas bem mais descontraídos e alegres, criando uma fraterna harmonia entre tais extremos. As lições de vida não se ficam pela terna “moral da história” revelada no fim… A cada momento, a cada gesto, apreendemos algo de diferente que, para além de ajudar a construir um enredo irrepreensível, incute, em nós, novo momento de reflexão e introspecção.
Digamos apenas que Carl Fredricksen tem um sonho – visitar as famosas Cataratas do Paraíso – e um pesadelo – a companhia do pseudo-explorador juvenil, o irrequieto Russell.
A bordo de uma casa voadora, movida a balões de hélio(?), os dois exploradores irão descobrir(-se) segredos escondidos nos mais remotos e inimagináveis locais.
Provavelmente o melhor filme do ano, até ao momento!
E não falo somente em termos de animação, ok!?!
Uma nota final para a curta-metragem Partly Cloudy, exibida como complemento do filme (espero eu, igualmente, nas sessões a pagar!). É realmente incrível como em pouco mais de 5m, os “mágicos” da Pixar conseguem evidenciar todos os seus grandes atributos: qualidade visual, emotividade, bom-humor, inteligência e uma qualidade de escrita invejável.
Bem hajam!!