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“Jogo da Alta Roda (Molly’s Game)” de Aaron Sorkin


Que o argumento é fantástico não restam dúvidas, assim como o desempenho de Jessica Chastain!!
Que a história (verídica) é adocicada, pelo facto da “versão” cinematográfica adaptar o livro autobiográfico da própria Molly Bloom, também não restam dúvidas.

Molly não seria aquela femme fatale retratada pelos media e pelo FBI mas, também, não me parece que fosse, de todo, apenas uma jovem inocente com queda para o ski alpino…

Factos verídicos à parte (lá voltaremos no final da crítica), a obra de estreia de Aaron Sorkin como realizador – ele que já conta com uma estatueta dourada, por The Social Network, e 7 nomeações aos Golden Globes, como argumentista – resulta num filme magnânimo que nos prende de início ao fim e que nos torna, de certa forma, em juízes em causa alheia… e mirones.

É inquestionável o fascínio dos espetadores (e nosso!!) pelo mundo retratado no filme. O poker, as estrelas de Hollywood, os artistas, o jogo, o risco, o negócio, o glamour do dinheiro, das raparigas e da noção que basta 10% de tudo ser exatamente real, para já ser fantástico.

Mas há, também, – mérito de Sorkin e de Chastain, sejamos justos – um lado mais humano, mais frágil e inocente, numa história quase inacreditável. Se o retrato dos milionários a “esbanjar” dinheiro pela noite dentro chega a ser confrangedor para os demais, o filme preocupa-se, igualmente, em demonstrar que, para lá dos livros de cheques existem pessoas “normais”, em ambos os lados da barricada ou da mesa (de poker).

Molly Bloom (Chastain) podia fazer qualquer coisa da vida. Inteligente e atlética (a jovem chegou a fazer parte da equipa Olímpica de ski norte-americana) quis o destino e a sua personalidade desafiadora e destemida que se tornassem, ainda na casa dos 20, na mais mediática organizadora de jogos de poker clandestinos. De LA até New York, a jovem natural do Colorado conviveu com alguns das figuras mais mediáticas do mundo, enquanto estas se divertiram a apostar milhares (ou milhões!!) de dólares em jogos de poker pouco caseiros.
Até que o FBI decidiu entrar em cena, e acusá-la de lavagem de dinheiro e associação criminosa, dada a sua relação (profissional) com uns certos mafiosos rusos…

O que o filme, alerta-se desde já os mirones, não faz é revelar grandes detalhes sobre os jogadores. Para além do que já se sabe (de outras fontes) Bloom sempre procurou garantir o anonimato dos seus clientes – no livro e no filme. Já a organizadora dos jogos é uma figura memorável. Ajuda, naturalmente, o desempenho de uma talentosíssima Jessica Chastain (mais que certa a nomeação para o Oscar) mas parece realmente incrível como praticamente do nada se monta um império, legítimo ou não.

Num registo díspar mas igualmente marcante temos Idris Elba. Depois de The Mountain Between Us, o ator britânico volta a confirmar pergaminhos, com novo registo poderoso, ainda que contido, funcionando de forma precisa, de contraponto a uma elétrica Jessica Bloom.

Nota final para o “jovem” Kevin Costner. Cada vez mais em papéis secundários mas de grande relevância narrativa ou emocional (Jack Ryan, Man of Steel, Hidden Figures), o veterano ator tem evoluído na sua carreira e demonstrado que não faltam oportunidades quando o talento e a presença está lá. Nota para um das cenas mais marcantes do filme, num qualquer banco de jardim de um gelado Central Park.

2018 começa com a fasquia bem alta!!

 

  

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